Taylor Swift apoia os democratas e é atacada pela extrema-direita

A cantora, que raramente fala de política, partilhou uma longa mensagem a defender os candidatos democratas à corrida para o Congresso, criticando uma das actuais congressistas republicanas.

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Reuters/Mario Anzuoni

Taylor Swift começou a semana com uma declaração política. A cantora de 28 anos, que raramente se expressa quanto às suas preferências partidárias, publicou um longo post no Instagram a apoiar dois democratas do Tennessee (o estado do qual é natural) para as duas câmaras do Congresso, nas eleições de Novembro. Aproveitou ainda para criticar Marsha Blackburn, uma das congressistas republicanas a concorrer para reeleição, descrevendo o seu histórico de votos na Câmara dos Representantes como "aterrorizador".

"Por mais que gostasse no passado e vou continuar a gostar de votar em mulheres para cargos políticos, não posso apoiar Marsha Blackburn", escreveu a cantora. "Sempre votei e sempre votarei com base no candidato que irá proteger e lutar pelos direitos humanos nos quais acredito que todos temos direito neste país. Acredito na luta pelos direitos LGBTQ e que qualquer forma de discriminação com base na orientação sexual ou género é errada. Acredito que o racismo sistémico que ainda vemos neste país é assustador, repugnante e prevalente."

"Por favor, instruam-se sobre os candidatos que estão na corrida eleitoral no vosso estado e votem com base naquele que melhor represente os vossos valores", pediu ainda aos seguidores. "Muitos de nós nunca encontraremos um candidato ou partido com o qual concordemos a 100%, mas temos de votar de qualquer forma."

Tendo em conta que a cantora tem uma base de 112 milhões de seguidores no Instagram, as respostas não se fizeram esperar. Alguns elogiaram-na por defender os direitos individuais, outros criticaram-na por aproveitar a sua influência para dissuadir eleitores de votar no Partido Republicano. "Ámen! O mesmo aqui. Costumava votar no [partido] republicano até este desastre de administração ter infestado a Casa Branca e o Congresso. Vou votar nos democratas nas próximas eleições", escreveu um utilizador do Twitter. "Esta é uma traição para lá do imaginável. Taylor Swift, tens todo o direito de votar no candidato de que gostas, mas colocar as tuas razões em público, enquanto tens pessoas que te adoram dos dois lados, é assustador", argumentou outro.

Donald Trump, que soube da notícia por um grupo de repórteres na Casa Branca, respondeu com um sorriso: "Podemos dizer que agora gosto da música dela cerca de 25% menos." E acrescentou: "A Marsha Blackburn está a fazer um trabalho muito bom no Tennessee. Tenho a certeza que a Taylor Swift não sabe nada sobre ela."

Já Phil Bredesen, candidato ao Senado, agradeceu o apoio da cantora no Twitter. "Sinto-me honrado por ter o seu apoio e por tantos estarem prontos para pôr de lado a gritaria partidária e fazer acontecer."

Mais surpreendente foi a resposta da extrema-direita que se revoltou contra a cantora. Recorde-se que em 2016 uma parte da Internet decidiu declarar Taylor Swift uma "deusa ariana". Embora a cantora nunca tenha dito nada que desse a entender que apoiava os movimentos neonazis ou de supremacia branca, o fenómeno ganhou força.

Tudo começou quando uma adolescente, Emily Pattinson, começou a colocar citações de Adolf Hitler em fotografias de Swift no Pinterest, lembra o Buzzfeed. Na altura, o advogado da cantora chegou a enviar uma carta àquela rede social a pedir que as imagens fossem retiradas, mas esta terá recusado, apontando leis que garantiam o direito à paródia, acrescenta o Washington Post. Em 2016, este tipo de imagens correu a internet, em fóruns como o 4Chan, tornando Swift um ícone da extrema-direita, contra a sua vontade. Havia quem acreditasse que a cantora apoiava secretamente estes movimentos — porventura devido às suas raízes na música country, tipicamente associada a uma base conservadora. Agora que a falou claramente a favor do Partido Democrata, essa ideia foi por água abaixo.

À excepção de posts como aquele que partilhou no dia das eleições presidenciais, a incitar as pessoas a irem votar — não revelando, ainda assim, a sua afiliação partidária — Taylor Swift tem até hoje evitado comentar assuntos de política. Ainda assim, era improvável que tivesse uma visão muito positiva da actual administração, tendo em conta, por exemplo, que em Março deu o seu apoio ao movimento March for our Lives, contra a violência provocada pelo excesso de armas.

Além disso, apareceu este ano na capa da revista Time, ligada ao movimento MeToo, como uma das silence breakers (das pessoas que quebraram o silêncio), no seguimento da sua vitória em tribunal contra o DJ de rádio David Mueller, que acusou de a ter apalpado durante uma sessão de autógrafos. “Reconheço o privilégio que tenho na minha vida, na sociedade, e na minha possibilidade de comportar os enormes custos de me defender num julgamento como este", declarou a cantora numa nota publicada logo depois de conhecida a decisão do júri (que incluía o pagamento simbólico de um dólar). “A minha esperança é ajudar aqueles cujas vozes também deviam ser ouvidas”, afirmava ainda, citada pela BBC.

A influência de Taylor Swift parece já se ter sentido, pelo menos no número de eleitores. "Subimos 65 mil registos num período de 24 horas desde o post de T. Swift", declarou a directora de comunicações do site Vote.org (a plataforma online oficial para os cidadão se registam para votar), citada pelo Buzzfeed News. Em Setembro o número total de novos registos foi 190.178 e em Agosto foi 56.669. Há que ter em conta ainda que prazo limite para as inscrições online para votar nas eleições de Novembro em alguns estados é já esta semana.

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