Autarcas do Douro insistem na reactivação da Linha do Douro até Espanha

A linha ferroviária do Douro está actualmente activa entre o Porto e o Pocinho mas os autarcas querem que vá até Salamanca.

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Nelson Garrido

Os autarcas do Douro aproveitaram a presença do ministro da Economia, na Régua, para reivindicarem o prolongamento da Linha do Douro até Espanha, um projecto reclamado localmente e sobre o qual, dizem, o Governo tem "mantido o silêncio".

"Este projecto é um desígnio nacional, é um projecto que do ponto de vista técnico e económico é justificado. Não podemos deixar cair este tema", afirmou o presidente da Câmara de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves.

E, para não deixar cair o tema, o autarca aproveitou a presença do ministro Manuel Caldeira Cabral, no Douro, para insistir na reivindicação que une a região.

A linha ferroviária do Douro está actualmente activa entre o Porto e o Pocinho, mas cada vez se ouvem mais vozes que defendem a reactivação da ligação a Espanha.

"Não consigo entender o silêncio que tem havido por parte do Governo português", afirmou aos jornalistas.

Também Nuno Gonçalves, vice-presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro) e presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, aproveitou o discurso na cerimónia de assinatura de protocolos, onde o ministro da Economia participou, para falar sobre a importância económica desta ligação a Espanha.

"Nós entendemos que a Linha do Douro é essencial. Algo que promove o desenvolvimento, dá lucro e pode ser fundamental para o escoamento de produtos, como o minério de Torre de Moncorvo. Temos algo que é nosso, que reivindicamos e que não podemos esquecer", afirmou.

Aos jornalistas, Nuno Gonçalves disse que fez questão de alertar o ministro, "porque efectivamente no Plano Nacional de Investimentos não está qualquer abordagem à Linha do Douro".

Esta é uma área da competência do ministro das Infra-estruturas, Pedro Marques, mas os autarcas fizeram questão de aproveitar a presença do colega de Governo para reivindicarem que a Linha do Douro "seja uma realidade até Salamanca".

O autarca aproveitou ainda para lamentar a "desclassificação" do Itinerário Complementar 5 (IC5), que diz estar em "cima da mesa", passando para as mãos da Infra-estruturas de Portugal (IP) em detrimento da actual concessionária.

"É dar muitos passos atrás nestas regiões. Esta via foi lançada como um factor de desencravamento do interior e não podemos relegar para segundo plano. Acredito nas capacidades da IP, não acredito é que a IP tenha os meios necessários para garantir a segurança que aquele traçado obriga", sublinhou.

Questionado pelos jornalistas, Manuel Caldeira Cabral afirmou que "os investimentos em infra-estruturas são importantes e têm de ser considerados, estudados e é isso que o Governo está a fazer".

"Mas é muito importante que enquanto se fazem e não se fazem esses investimentos, que poderão ser muitos anos, se faça aquilo que estamos a fazer que é a promover melhor a região", salientou.

E continuou: "obviamente temos que continuar a melhorar a oferta da região e isso faz-se com infra-estruturas, mas faz-se também com este trabalho em rede entre escolas, unidades hoteleiras, municípios, todos a trabalharem em conjunto. E faz-se também com uma melhor promoção, uma promoção mais focada no turismo em todo o território".

Sobre o IC5, o ministro não quis tecer qualquer comentário.

Na "Estratégia para uma década" e onde estão elencadas as linhas de futuro entre 2020-2030, a CIM Douro classificou a rede ferroviária de transportes e infra-estruturas como "estruturante para a região".

No documento, a CIM, que representa 19 municípios durienses, destacou a "importância da reabilitação e electrificação de toda a linha ferroviária do Douro até à cidade do Peso da Régua, bem como a ligação a Espanha".

Num estudo recente sobre as ligações ferroviárias transfronteiriças, a Comissão Europeia reconheceu que a linha do Douro é de grande potencial em termos turísticos e de coesão social.

Em 2016, a Infra-estruturas de Portugal (IP) também realizou um estudo, que conclui pela viabilidade e adequabilidade da linha quer em termos de transporte de passageiros quer em termos de transporte de mercadorias.

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