Costa e Sánchez celebraram os 20 anos do Nobel “que todos une”

Primeiros-ministros de Portugal e Espanha homenagearam José Saramago, vencedor de um prémio que "une" os dois países. E aproveitaram para anunciar uma cimeira ibérica a 21 de Novembro.

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Os primeiros-ministros português e espanhol homenagearam José Saramago em Lanzarote LUSA/MIGUEL A. LOPES
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António Costa e Pedro Sanchez anunciaram a próxima Cimeira Ibérica para 21 de Novembro LUSA/Javier Fuentes

Os primeiros-ministros de Portugal e Espanha, António Costa e Pedro Sánchez, juntaram-se neste sábado em Lanzarote, nas ilhas Canárias, para celebrarem juntos os 20 anos da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, que se comemora na segunda-feira.

António Costa e Pedro Sánchez celebraram o escritor, o homem e o “prémio de todos” e que “todos une”. E aproveitaram a ocasião para anunciarem a próxima Cimeira Ibérica, a primeira que junta os dois chefes de Governo, marcada para 21 de Novembro, em Valladolid, a qual incidirá sobre as relações transfronteiriças e o esforço comum de aproximação de zonas de fronteiras abandonadas, explicou António Costa.

“Como cimeira é a primeira [entre ambos], mas vai ser uma cimeira de continuidade com a que realizámos em Vila Real há pouco mais de um ano e que vai ter como tema fundamental as relações transfronteiriças e esse esforço comum que Portugal e Espanha têm que fazer para aproveitar essa zona de fronteira que fomos abandonando de um lado e de outro, porque estávamos de costas viradas uns para os outros, começando por encontrar um ponto de união”, sublinhou o primeiro-ministro português.

Considerando esta “uma estratégia fundamental” para o povoamento do interior de Portugal, do interior de Espanha e de zonas que precisam de se desenvolver, António Costa frisou: “Seguramente, essa proximidade e essa nova centralidade ibérica que vamos construir nas regiões transfronteiriças é fundamental.”

Os dois primeiros-ministros visitaram lentamente a casa onde José Saramago viveu os últimos 17 anos da sua vida, guiados pela antiga jornalista Pilar del  Río, viúva do escritor. Depois, na biblioteca de Saramago, contigua à habitação, uniram-se numa ideia: “O Nobel é de todos.”

“Portugal e Espanha viveram muitos anos de costas voltadas. Com a chegada da democracia aos dois países, esses tempos ficaram para trás e hoje muitas coisas nos unem. Saramago é uma delas e é muito importante”, afirmou o chefe do Governo espanhol.

António Costa respondeu-lhe logo a seguir. “Pedro, este é o nosso primeiro encontro em Espanha. Era impossível ser num sítio melhor. Não podia haver melhor ponto de encontro para esta primeira vez”, afirmou o primeiro-ministro português.

Afirmando que o escritor português é “um cidadão do mundo”, António Costa salientou a importância para os dois países de José Saramago ter vivido em Lanzarote, visto ser “um valioso traço de união entre os dois países”. O primeiro-ministro lembrou a frase de Saramago gravada no monumento em sua homenagem junto à casa onde viveu: “Lanzarote não é a minha terra, mas é terra minha”. O que levou o primeiro-ministro a afirmar: “Saramago é um homem de muitas pátrias, mas a sua primeira pátria é a língua em que escreveu a sua obra.”

E foi neste sublinhar de unidade que Pedro Sánchez anunciou a próxima Cimeira Ibérica. Terá lugar dia 21 de Novembro, em Valladolid, cerca de um ano depois da cimeira de Maio em Trás-os-Montes. Será a primeira entre António Costa e Pedro Sánchez, mas o primeiro-ministro português assegurou que será “de continuidade” do trabalho que tem vindo a ser realizado entre os dois países. Na última cimeira, António Costa avistou-se com o então primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, e na mesa de trabalho esteve já a cooperação transfronteiriça centrada em áreas como a energia, as infraestruturas e o ambiente.

Antes de visitarem a casa de Saramago, António Costa e Pedro Sánchez estiveram na Fundação César Manrique, criada pelo artista em 1983, que abriu as portas em 1992, na localidade de Tahíche, em Lanzarote. Tem como pilares da sua actividade o legado e a obra de César Manrique, as artes plásticas, o meio ambiente e a reflexão cultural.

Dele Saramago dizia, numa entrevista a La Provincia, Las Palmas, em 2007: “Se perderem o espírito de César Manrique, esta ilha [Lanzarote] acabará. Ninguém amou tanto esta ilha como ele.”

Este programa de homenagem a José Saramago, que foi preparado conjuntamente pelo gabinete do primeiro-ministro e pela Fundação José Saramago, inclui também, na manhã deste domingo, uma visita a Azinhaga do Ribatejo, durante a qual o líder do executivo estará novamente acompanhado por Pilar del Río, pela filha e pela neta do escritor, entre outras personalidades do meio cultural.

O PÚBLICO viajou num avião da Força Aérea Portuguesa a convite do gabinete do primeiro-ministro.

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