Quase 550 fogos desde 1 de Outubro, um registo sem paralelo na última década

Nos próximos dias prevê-se a continuação de condições meteorológicas propícias ao aparecimento de incêndios. A fase crítica foi prolongada até 15 de Outubro, o que impede a realização de qualquer tipo de queimadas.

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A escassa precipitação e a seca aumentam o risco de incêndio Rui Gaudêncio

A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) registou quase 550 incêndios entre 1 de Outubro e as 18h desta sexta-feira, um número que causa "apreensão", pois, na última década, não há qualquer registo semelhante no mesmo período.

"Desde o início deste mês assistimos a um incremento do número de incêndios rurais, somando um total de 543. Praticamente 550 ignições desde 1 de Outubro até às 18h de hoje [sexta-feira]. Diria que este número nos causa alguma apreensão, porque quando olhamos para o período homólogo dos últimos dez anos, não temos registo de um número tão grande de ignições", afirmou o comandante Pedro Nunes, da ANPC.

Em declarações à agência Lusa na sede da ANPC, em Carnaxide, concelho de Oeiras, durante um briefing sobre a situação dos incêndios rurais, este comandante operacional referiu que o dia de sexta-feira está a ser um dia "relativamente calmo", associando essa situação ao "comportamento responsável e de cidadania" dos portugueses.

Ainda assim, registaram-se nesta sexta-feira dois incêndios que chegaram a causar "alguma apreensão": um no distrito de Coimbra, em Pampilhosa da Serra, e outro no distrito de Setúbal, em Alcácer do Sal.

Nos próximos dias prevê-se a continuação de condições meteorológicas propícias ao aparecimento de incêndios: o vento estará fraco a moderado. As temperaturas máximas oscilarão entre os 20ºC (Viana do Castelo) e 33ºC (Santarém); já as temperaturas mínimas rondarão os 10ºC (em Braga e Leiria) e os 18ºC (Faro e Sagres).

"Para os próximos dias as condições meteorológicas serão em tudo idênticas àquelas que temos vivido nestes primeiros dias de Outubro, ou seja, vamos continuar com uma corrente de leste, que nos trará tempo quente e seco, favorável e propício ao desenvolvimento dos incêndios rurais", alertou este comandante operacional da Protecção Civil.

A fase crítica foi prolongada até 15 de Outubro, o que impede a realização de qualquer tipo de queimadas.

"Embora estejamos no mês de Outubro, a ausência de precipitação — não tem chovido e está a potenciar e a agravar o risco de incêndio — não permite que as tradicionais queimas e queimadas, diria [que] ancestrais, do mundo rural, possam ser feitas de forma segura. Razão pela qual apelava às comunidades rurais que aguardem pela altura mais correcta para fazerem estas queimas e queimadas, para as poderem fazer de forma segura", frisou este comandante operacional.

O responsável da Protecção Civil apelou ainda a que os cidadãos mantenham um comportamento responsável.

"É de pedir a todos os portugueses que mantenham um comportamento adequado e seguro, como fizeram durante todo o verão, diria que quase de forma exemplar, fazendo jus à máxima: tolerância zero ao uso do fogo", vincou Pedro Nunes.

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