Olhar sobre minorias domina Mostra de Cinema Anti-Racista no Porto

Quinta edição do MICAR está de regresso ao Porto neste fim-de-semana. Desta vez, o foco está nas minorias.

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Charlie's Country DR

A quinta edição da Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista (MICAR) decorre no Teatro Municipal Rivoli, no Porto, a partir desta sexta-feira até domingo, com um olhar sobre "a questão das minorias".

A mostra, de entrada gratuita mediante levantamento de bilhete, combina filmes recentes com clássicos do cinema. À Lusa, Nuno André Silva, um dos programadores do festival e dirigente da SOS Racismo, organização que dinamiza a mostra, explicou que o foco "na questão das minorias" está em linha com as edições anteriores, uma vez que os temas são "sempre mais ou menos os mesmos", ou seja, em torno da discriminação racial.

"Desta vez, queríamos que se focassem temas referentes a minorias, grupos populacionais que, tendo em conta as suas características, sofrem discriminação", explicou.

Entre os destaques da programação está, pela primeira vez, um filme sobre o conflito israelo-palestiniano, Road to Apartheid, uma obra de 2012 realizada pela sul-africana Ana Nogueira e pelo israelita Eron Davidson, que compara a ocupação por parte de Israel ao apartheid aplicado na África do Sul, na segunda metade do século XX. Agendado para sexta-feira, pelas 21h30, e seguido de um debate, o filme foi incluído na programação depois de a organização ter pesado "dois factos, a deslocação da embaixada norte-americana para Jerusalém (...) e as recentes alterações legislativas em Israel, que basicamente tornam legal a discriminação de cidadãos pela sua religião", o que suscitou comparações.

E Lisboa?

Na sexta-feira, nota ainda para Vénus Negra, filme de 2010 de Abdellatif Kechiche, realizador franco-tunisino que recebeu a Palma de Ouro em Cannes por A Vida de Adèle, em 2013, e Golden Dawn Girls, do norueguês Havard Bustnes. A curta-metragem documental Dignidade tem estreia durante o festival, pelas 17h30 de dia 6, num trabalho de Catarina Príncipe e Pedro Rodrigues sobre a comunidade de etnia cigana que vive desde 1984 no conjunto habitacional da Marinha, no distrito de Aveiro.

A noite de sábado está reservada a filmes portugueses, com a curta-metragem de 2016 Mikambaru, de Vanessa Fernandes, e Nós Terra, filme de 2010 realizado por Anna Tica, Nuno Pedro e Toni Polo, exibidos pelas 21h30, já depois de 12 Homens em Fúria, pelas 15h, e de uma sessão que junta Dignidade ao australiano Charlie's Country" de Rolf de Heer, às 17h30.

Outro dos destaques é Genesis, do húngaro Arpád Bognan, que se estreou na secção Panorama do Festival de Cinema de Berlim, exibido pelas 21h30 de domingo, em jeito de encerramento, mas também há a produção escandinava Sami Blood, que Amanda Kernell realizou com produção sueca, norueguesa e dinamarquesa, no mesmo dia, pelas 15h.

O primeiro dia da mostra é dedicado a um público infanto-juvenil, num esforço "que existe desde a primeira edição", que permite "ter um espaço para este público e uma relação com escolas da cidade", com a qual trabalham os temas abordados. Este ano, duas escolas do agrupamento Alexandre Herculano vão aprofundar os temas retratados nas curtas exibidas, numa colaboração com outro projecto da associação, o Catapulta

Nos planos da organização tem estado, nos últimos anos, a realização de extensões do evento noutras cidades, como em Lisboa, onde teriam "mais público", apesar de a assistência nas primeiras quatro edições "superar sempre as expectativas iniciais". Os "escassos recursos económicos" impedem a concretização do plano, uma vez que a mostra se faz "essencialmente com trabalho voluntário de activistas da SOS Racismo", além do apoio do Teatro Municipal do Porto e de "um patrocínio ligeiro da Transform! Europe", uma rede europeia de várias organizações dedicadas "ao pensamento alternativo e diálogo político".

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