Pedro Duarte quer “somar” reflexão da sociedade civil com trabalho no PSD

Plataforma digital Manifesto X promove na sexta-feira a primeira conferência, só na Internet.

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Pedro Duarte Nelson Garrido

O ex-líder da JSD Pedro Duarte regressou à política activa com um estrondo: desafiou a liderança de Rui Rio, e quase dois meses depois, lançou o Manifesto X, uma plataforma digital de reflexão, formada por figuras da sociedade civil. Esta sexta-feira, o Manifesto X realiza a sua primeira conferência, dedicada à cultura e realizada, em exclusivo, através da Internet.

Dentro do PSD, alguns questionaram-se sobre como é que o ex-deputado e actual quadro da Microsoft quer o apoio dos militantes para ser eleito, quando se lança num projecto político sem eles. Pedro Duarte não vê contradição: “A presidência do PSD é para mim apenas um veículo, o que eu quero é mudar o país, se um dia tiver essa oportunidade. O modo de funcionamento dos partidos tem de mudar, estou a mostrar um bocadinho isso.”

Com 20 temas e outros tantos responsáveis por eles, o Manifesto X quer fugir ao “modelo tradicional”. Pedro Duarte fez questão de convidar pessoas que não são militantes ou que não estão na vida partidária activa para darem o seu contributo nas diferentes áreas. “É um manifesto da sociedade civil, não será o meu programa [se for candidato à liderança do PSD], mas vou ouvir e beber ideias”, afirmou em declarações ao PÚBLICO. O ex-secretário de Estado da Juventude do Governo de Pedro Santana Lopes avança ainda outra justificação para a escolha deste modelo de reflexão quase vedado a militantes. “O PSD tem um conselho estratégico a decorrer, espero que corra bem, não quero criar ruído no PSD”, argumentou, deixando no entanto clara a ideia de que é capaz de trabalhar com o partido e com a sociedade civil: “é a somar.”

Por opção assumida mas também porque não implica custos, a primeira conferência do Manifesto X acontece via Facebook nesta sexta-feira, 5 de Outubro, dia em que se assinala a implantação da República, numa escolha também ela simbólica. Durante uma hora, o encenador Ricardo Pais fará uma intervenção e responderá a comentários e perguntas através de chat. “Escolhemos a Cultura, que não é prioridade e que às vezes só está nos programas para fazer bonito, porque queremos mostrar que somos diferentes. É um pilar fundamental das políticas públicas”, justifica Pedro Duarte, que só nesta primeira conferência assumirá o papel de moderador. Nas próximas iniciativas dará esse lugar ao respectivo relator do tema.

Entre os participantes no Manifesto X estão Nuno Garoupa, professor universitário (com a área da Justiça), Francisco Ramos, presidente do Movimento Rui Moreira (Território), Paulo Ferreira, professor universitário especialista em nanotecnologia (Ciência e Tecnologia) e Óscar Alves, neurocirurgião (Saúde) entre outros. Como conferencista foi convidado Manuel Ramalho Eanes, gestor de empresas e filho do ex-Presidente da República, para falar sobre a nova organização do Estado, e Glória Rebelo, professora universitária que terá a cargo o tema do futuro do Trabalho. As conferências - designadas Vox - ainda não têm data marcada, mas Pedro Duarte quer promover uma por mês, pelo menos. Com o apoio declarado a este projecto de José Eduardo Martins, ex-deputado e de quem é próximo desde os tempos da JSD, Pedro Duarte vai pressionando a liderança de Rui Rio – a sair, o “quanto antes” melhor – mas sem se associar a qualquer movimento de recolha de assinaturas para um congresso extraordinário no PSD. Esse está a ser protagonizado pelo vereador de Loures André Ventura.

Entretanto, há um outro potencial candidato à sucessão de Rio que, para já, se posiciona: Miguel Pinto Luz. O vice-presidente da câmara de Cascais disse ao Observador que não é candidato à liderança do PSD, porque “não há eleições marcadas”. Mas não se exclui dessa corrida no futuro.

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