Mário Ferreira vendeu hotel nos Aliados, mas já anda à procura de outro no Porto

Hotel Monumental foi vendido, chave na mão, aos franceses da Maison D’Alba. Primeiras reservas deverão poder ser feitas a partir de 1 de Novembro

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As obras atrasaram-se mas finalmente o hotel ficou concluído Manuel Roberto

Mário Ferreira dizia que não estava vendedor – não estava nos seus planos vender o Hotel Monumental, o novíssimo hotel cinco estrelas num emblemático edifício na Avenida dos Aliados, que vai começar a aceitar reservas a partir de 1 de Novembro sob a chancela dos franceses Maison D’Alba, do Paris Inn Group. Esta quarta-feira convidou a imprensa a ver os acabamentos do hotel – e as escolhas do gabinete de arquitectura de interiores OitoemPonto. E confessou que se o agente imobiliário que lhe pediu uma reunião há cerca de um ano lhe dissesse que era para falar da compra do Hotel Monumental, a reunião seria recusada. Mas, afinal, o que foi irrecusável foi a proposta, que ronda os 500 mil euros por quarto. Mário Ferreira encaixou 38 milhões de euros – “ainda não, porque ainda não passaram o cheque”, e admite que não desiste de ter um hotel no Porto. “Já há por aí umas coisas em vista”, avisa.

Com quase dois anos de atraso relativamente à data prevista para a inauguração, a derrapagem dos prazos é largamente atribuída à mudança de consórcio construtor. A saída da Soares da Costa fez-se com estrondo, mas ela não é a única responsável pelos atrasos. A especificidade de alguns acabamentos (por exemplo, não haver esquinas nos tectos), os materiais e o mobiliário feito à medida, as mudanças de última hora foram empurrando o prazo de abertura. 

“Sempre que possível, recorremos a fornecedores nacionais”, afirmou Mário Ferreira, dando como exemplo a empresa de torneiras (Cifial), a de cerâmicas (Valadares), a de alcatifas (Lusotufo). Mas houve mármores e granitos que “tiveram de vir de fora” – nomeadamente o “verde-lapónia” que foi aplicado na suite presidencial e na qual, diz Mário Ferreira, meio a sério, meio a brincar, gostaria de ver hospedado o Papa. “Teria aqui a varanda que precisava para aceder à multidão nos Aliados”, frisou. 

Apesar dos atrasos, o resultado final deixa o empresário portuense não apenas satisfeito, mas muito orgulhoso. “Digo sem qualquer pudor que não haverá em Portugal nenhum cinco estrelas com esta categoria e este cuidado nos detalhes. E mesmo na Europa não haverá muitos”, atreveu-se a dizer.

O Hotel Monumental pretende recriar o ambiente de um hotel dos anos 30, recorrendo à decoração em estilo Art Deco. Do antigo edifício, só a fachada foi aproveitada. Todo o miolo foi construído de raiz.

Uma estadia num dos 72 quartos do hotel poderá custar 300 a 800 euros por noite. O hotel terá ainda um café-concerto aberto à cidade, assim como um spa, que não funcionará apenas em exclusivo para os hóspedes.

Relativamente a outros projectos hoteleiros com a assinatura da Mystic Invest, Mário Ferreira revelou que a empreitada para a construção de um hotel junto ao Cais de Gaia já foi entregue à Mota-Engil. Trata-se de um empreendimento que será mais orientado para o turismo de negócios, já que estará equipado com um centro de conferências. Dotará a cidade de Gaia com mais 120 quartos e representa um investimento de 28 milhões de euros, só para a vertente de reconstrução.

Mário Ferreira também não pretende desistir do projecto da escarpa de Gaia, que tem um acesso fluvial e acabou por ser chumbado pela Direcção Regional de Cultura. O empresário acredita que o licenciamento chegará até ao fim deste ano, e que o hotel poderá estar pronto no Verão de 2020, e anunciou a intenção de vender uma destas unidades a potenciais interessados. “Não quero ficar a gerir dois hotéis na mesma cidade. Um dos hotéis de Gaia poderá ser vendido. E não prescindo de ter um hotel no Porto”, explicou. Nem desiste do polémico Douro Marina Hotel – “que anda a tentar ser licenciado há mais de 20 anos” – mas do qual também ainda não tem novidades.

"Com a Soares da Costa, está tudo resolvido"

Mário Ferreira anunciou que ia processar a Soares da Costa, e chegou a acusá-la de ter usado indevidamente o dinheiro do Monumental para pagar outras contas, enquanto as obras do hotel estavam paradas.

O presidente do conselho de administração da Soares da Costa, Joaquim Fitas, disse ao PÚBLICO que os danos reputacionais trazidos pela rescisão do contrato tornou ainda mais frágil a situação da empresa, que está há dois anos a tentar concretizar um Processo Especial de Recuperação, e que tenciona pedir uma indemnização a Mário Ferreira.

Por enquanto, e por agora, ainda não deu entrada nenhum processo em tribunal. “Por mim, com a Soares da Costa, está tudo resolvido. Já não há nada a discutir”, sentenciou, por seu lado, Mário Ferreira.

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