Greve de professores: ao segundo dia a adesão deverá atingir os 80%

Sindicatos admitem continuar com a greve até que o Governo ceda e contabilize todo o tempo de serviço para a progressão na carreira.

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Rui Gaudencio

A adesão ao segundo dia de greve dos professores, que esta terça-feira abrange o Alentejo e o Algarve, deverá atingir os 80%, num sinal da "fortíssima insatisfação" dos docentes, segundo o secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE).

"Poderemos apontar para um crescimento em relação aos 75%" registados no primeiro dia de greve e "talvez já consigamos hoje atingir os 80% de adesão", disse João Dias da Silva, em declarações aos jornalistas, em Beja. Na segunda-feira a paralisação decorreu nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.

Segundo o sindicalista, que falava durante uma acção de distribuição de um documento à população sobre "a luta dos professores em Portugal", a adesão à greve "corresponde àquilo que é a fortíssima insatisfação dos professores".

Já Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, marcou presença junto a uma escola da baixa de Faro. Estimando uma adesão semelhante ao do dia anterior, a rondar os 75%, o sindicalista assegurou que a luta dos professores poderá continuar até que o Governo ceda às exigências.

"O senhor primeiro-ministro e o Governo que não fiquem convencidos de que fazer esta guerra aos professores lhes dá votos e simpatia, porque o que encontrámos à porta das escolas é a compreensão dos pais ao dizerem que os professores têm razão", destacou. "Temos a consciência que a greve é uma forma de luta extrema, mas neste momento estamos numa situação que também ela é extrema", sublinhou o dirigente da estrutura sindical dos professores, acrescentando que o Governo "tem a obrigação de respeitar a lei".

Os professores estão em greve para exigir que nove anos, quatro meses e dois dias de trabalho sejam contabilizados na progressão de carreira e que sejam resolvidas questões relativas à aposentação, à sobrecarga horária e à precariedade.

Contagem de anos

A adesão à greve "é o sinal de que os professores não desistem", porque "a lei do orçamento do Estado é que estabelece que os professores têm direito à recuperação integral do tempo de serviço que esteve congelado", lembrou João Dias da Silva. "Aliás, não podia deixar de ser assim, porque é de justiça", já que para "todos os outros trabalhadores" das carreiras gerais da administração pública "todo o tempo de serviço que esteve congelado" vai ser "recuperado para a progressão em carreira".

"Uma fatia muito significativa do tempo que esteve congelado" tem de ser recuperada "já" no Orçamento do Estado para 2019, defendeu Dias da Silva, referindo que "a greve que está a decorrer seria desnecessária se, desde há um ano, o Governo tivesse cumprido a sua responsabilidade de fazer cumprir a lei".

A greve foi convocada por dez estruturas sindicais de professores no dia em que o ministro da Educação esteve no Parlamento, a pedido do PCP, para debater o arranque do ano lectivo.

Na quarta-feira, a greve abrangerá os professores dos distritos de Coimbra, Aveiro, Leiria, Viseu, Guarda e Castelo Branco e na quinta-feira os dos distritos de Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança. O protesto termina na sexta-feira, Dia Mundial dos Professores, com uma manifestação, em Lisboa.

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