Confrontos em Barcelona: manifestantes chegaram à porta do Parlamento

No primeiro aniversário do referendo à independência da Catalunha, declarado ilegal por Madrid, os independentistas voltaram à rua. E houve violência.

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Os manifestantes ocuparam a linha dos comboios de alta velocidade
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Os manifestantes ocuparam a linha dos comboios de alta velocidade Reuters/JON NAZCA
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O presidente da Generalitat, Quim Torra epa/QUIQUE GARCIA
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A polícia recorreu à força contra manifestantes independentistas que conseguiram romper o cordão de segurança montado à volta do Parlamento catalão, em Barcelona. As forças de segurança conseguiram dispersar os manifestantes pela meia-noite, depois de algumas cargas policiais, conta a imprensa espanhola.

Esta foi a primeira vez que manifestantes conseguiram chegar às portas do Parlamento, onde colaram autocolantes de protesto na porta do Parlamento. A maioria, relata o El País, diz: "República em construção. Pedimos desculpa pelo incómodo". 

No recinto à volta da sede do Governo foram também arremessados objectos contra os edifícios e os agentes policiais que estavam no local. Imagens registadas pela Europa Press mostram ainda contentores de lixo incendiados. 

As imagens recolhidas por jornalistas mostram as autoridades catalãs no interior do Parlamento a impedir a abertura de portas por parte dos manifestantes. 

O protesto desta segunda-feira acontece exactamente um ano depois do referendo à independência na Catalunha, declarado ilegal por Madrid. Os manifestantes voltaram às ruas e bloquearam auto-estradas, estações ferroviárias e linhas de comboio de alta velocidade em vários pontos da região, incluindo Girona e Barcelona. 

Para além do Parlamento catalão, houve também confrontos na Avenida Laietana, onde fica a sede da polícia.

Transportes bloqueados e milhões nas ruas

“A linha de comboios de alta velocidade foi bloqueada em Girona, 100 quilómetros a nordeste de Barcelona”, anunciou, de manhã, a companhia espanhola de comboios, Renfe. A empresa responsável pelas vias rodoviárias também confirmou cortes de várias auto-estradas, entre elas as que ligam a capital catalã a Valência e a Madrid.

Milhares de pessoas encheram as ruas de Barcelona cantando palavras de ordem como "1 de Outubro, nem esquecimento nem perdão", "liberdade para os presos políticos ou "a autodeterminação é um direito humano".

O presidente da Generalitat, Quim Torra, também participou nos protestos em Girona lembrando o "mandato democrático" que foi atribuído ao governo regional no referendo do ano passado. Já durante a manhã desta segunda-feira, Torra tinha apelado a "mais pressão" aos sectores mais radicais.

Pablo Casado pede destituição para Torra

Em reacção aos confrontos, o líder do Partido Popular, Pablo Casado, apelou no Twitter à intervenção do Governo espanhol e, novamente, à aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola. "Custa-me ver os totalitários independentistas a invadirem as ruas e o Parlamento. Como é que é possível que o Governo não faça nada?", questionou o líder da oposição espanhola. "Exigimos a aplicação do artigo 155 para restabelecer a ordem e destituir Torra", acrescentou, terminando a mensagem com um apelo a eleições gerais. 

Também o antigo presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, condenou os episódios de violência. "Se vão encapuzados não são do 1'O. Se usam a violência não são do 1'O. Nós mostramos a cara e manifestamo-nos de forma pacífica. Foi desta forma que, há um ano, combatemos um Estado autoritário. Quem é que tem interesse em infiltrar a violência perdedora onde temos uma paz vencedora?", perguntou no Twitter.

As manifestações foram convocadas pelos chamados CDR (Comités de Defesa da República) e contam também com a participação de associações estudantis. Na representação da Generalitat (o governo autonómico) em Girona, os manifestantes içaram uma bandeira catalã, deitando a bandeira espanhola por terra.

Já no sábado a cidade de Barcelona tinha sido palco de confrontos entre independentistas catalães e elementos da polícia — os Mossos d’Esquadra tinham sido mobilizados para o centro da cidade para evitar que os cerca de seis mil manifestantes se aproximassem de uma outra concentração, organizada pelo sindicato policial Jusapol, que celebrou a actuação das autoridades no dia em que os catalães tentaram levar a cabo um referendo para a secessão. A contramanifestação acabou por ser travada pela polícia, que formou um cordão de segurança para impedir que as duas manifestações se cruzassem. 

Também a 11 de Setembro, Dia Nacional da Catalunha, milhares de catalães foram para as ruas pedindo um novo referendo e a libertação dos “presos políticos”, acusados de “rebelião e desvio de fundos” após o referendo.

“Os que foram votar sabiam que começávamos uma era com muitas incertezas”, afirmou na manhã desta segunda-feira à rádio RAC1 Carles Puigdemont, que era líder da Generalitat na altura do referendo e que vive exilado na Bélgica. “Os grandes êxitos do país conseguem-se com duas atitudes: união máxima e compromisso cívico. Estes dois ingredientes estavam presentes faz agora um ano”, acrescentou.

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