Polícia alemã detém seis suspeitos que pretendiam realizar uma “revolução” de extrema-direita

Grupo “Revolução Chemnitz” planeava ataques contra políticos e contra quem defendesse publicamente a democracia. "Queriam outro país."

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Extremistas manifestam-se em Chemnitz FRANZ FISCHER/EPA

A polícia alemã deteve na madrugada desta segunda-feira seis homens suspeitos de formar um grupo que tinha como objectivo levar a cabo uma “revolução” de extrema-direita no país. Um sétimo homem, suspeito de ser o líder, já tinha sido detido antes.

A ameaça que o grupo poderia representar foi levada muito a sério pelas autoridades: a detenção envolveu cem polícias apoiados por unidades especiais na Saxónia e na Baviera. 

Alguns destes seis homens, com idades entre 20 e 30 anos, estiveram envolvidos em perseguições e ataques contra estrangeiros na cidade de Chemnitz onde, no final de Agosto, houve uma mobilização de extremistas após a morte de um alemão numa luta com dois requerentes de asilo que acabou em violência e com relatos de perseguições e ataques a estrangeiros.

Duas semanas depois, cinco dos detidos agrediram estrangeiros na cidade. O presumível líder do grupo foi detido nesse dia. Os investigadores suspeitam de que este ataque foi um “ensaio” para outro, maior, a realizar no dia 3 de Outubro, o Dia Nacional da Alemanha, quando se assinala a reunificação.

Os suspeitos estariam a planear adquirir armas semi-automáticas e realizar ataques contra políticos e figuras públicas que defendessem a democracia e o Estado de Direito, segundo o jornal Süddeutsche  Zeitung, com sede em Munique.

Um comunicado do Ministério Público diz que todos eram membros do movimento “hooligan, skinhead e neonazi” na zona de Chemnitz, onde se consideravam a “elite” da extrema-direita. Chamaram ao grupo “Revolução Chemnitz” e queriam provocar medo e terror através de ataques violentos, mas não só: o diário Süddeutsche  Zeitung cita comunicações interceptadas entre os suspeitos em que expressavam a intenção de ir além do grupo NSU, o trio da Turíngia que levou a cabo dez assassínios e dezenas de assaltos num período de mais de dez anos antes de ser detectado (e cuja única sobrevivente foi recentemente condenada a prisão perpétua).

Se o NSU era sobretudo contra a presença de estrangeiros na Alemanha, o “Revolução Chemnitz” queria ir mais longe e destruir o quadro constitucional da Alemanha. “Queriam outro país”, dizem os investigadores, ainda segundo o jornal.

O ministro do Interior, Horst Seehofer, sublinhou o perigo de actos terroristas da extrema-direita. "O perigo de terrorismo continua a ser elevado na Alemanha", declarou Seehofer. "O que quer dizer que se tem de contar com um ataque a qualquer altura."

O centro de desradicalização GIRDS comenta, na sua conta no Twitter, que este desenvolvimento mostra como “parte dos conservadores estava afastada da realidade ao desvalorizar as ameaças da extrema-direita”. Alguns desvalorizaram as manifestações dizendo que se tratava de uma maioria de "cidadãos preocupados" e não de extremistas violentos.

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