Mexia: desinvestimento do accionista é “reacção” a corte de 285 milhões

O Capital Group, o segundo maior accionista da EDP, reduziu a posição de 9,97% do capital, para menos de 3%. Presidente da EDP põe as culpas na decisão recente do Governo.

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Rui Gaudencio

O presidente executivo da EDP, António Mexia, justificou esta segunda-feira a redução da posição accionista do Capital Group com a decisão do Governo de impor à empresa a devolução de 285 milhões de euros que considera que os consumidores pagaram a mais com os contratos CMEC.

“Temos um grande accionista, o segundo maior, a deixar a empresa. As pessoas gostam de estabilidade, gostam que as regras do jogo sejam mantidas”, afirmou Mexia, citado pela agência Bloomberg, depois de se saber que o Capital Group reduziu a sua posição na EDP de 9,97% do capital, para 2,958%.

"As regras do jogo e os contratos são supostamente para cumprir”, disse Mexia em Londres, a seguir a uma conferência sobre energia. “O que vemos hoje é basicamente a reacção do mercado com base nas recentes medidas que afectam a estabilidade”, sustentou o gestor.

As sociedades que formam o Capital Group actuam como gestores de investimentos para clientes institucionais e em 2015 chegaram a ter em carteira 17% da empresa.

Na quinta-feira passada, na sequência da medida aprovada por um despacho do secretário de Estado da Energia Jorge Seguro Sanches, a EDP anunciou a intenção de desencadear um processo de arbitragem internacional para defender os interesses dos accionistas e, em simultâneo, alertou os investidores para potenciais impactos no lucro de entre 300 a 400 milhões de euros, face às estimativas iniciais de 800 milhões de euros de resultado líquido em 2018. Ainda assim, a empresa sublinhou que este impacto não se ia reflectir no valor dos dividendos a distribuir aos accionistas.

Além disso, a eléctrica explicou que o Governo está a analisar a possibilidade de exigir a devolução de outros 72 milhões de euros adicionais. A expectativa agora é que a EDP possa já dar mais detalhes, nos resultados do terceiro trimestre, sobre os possíveis efeitos que esta medida vai ter nas suas contas.

As acções da EDP estiveram a transaccionar em queda ao longo de toda a sessão bolsista desta segunda-feira, tendo terminado a cair 1,83%, nos 3,12 euros.

Notícia corrigida no valor do título: onde se lia 258 milhões de euros, devia estar 285 milhões. Pelo lapso, pedimos desculpa aos leitores e aos visados

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