Todos somos campeões da nossa própria vida. Basta acreditar no nosso potencial sem nos sabotarmos com pensamentos negativos que nos impedem de ser felizes e de alcançar coisas boas. É com esta máxima de vida que a surfista australiana Layne Beachley, 46 anos, que tem o recorde feminino de sete títulos, motiva os outros nos workshops de liderança e de motivação que dá pelo mundo fora.
“Todos temos o que é preciso para alcançar qualquer coisa na vida. Basta acreditar”, sublinha Layne que usa a sua experiência pessoal de campeã mundial do surf para motivar os outros a também “serem campeões da sua própria vida”. Nos workshops também aborda o medo, como identificar pensamentos e crenças negativas e "ficar preso na vida sem alegria".
Layne Beachley chegou a ter vários empregos ao mesmo tempo para fazer surf e participar nos campeonatos. Trabalhou numa pizzaria, foi empregada de limpeza e professora de surf. Não foi fácil e, um ano antes de ganhar o seu primeiro título mundial, esteve mesmo para desistir desse sonho. Começou a sabotar-se a ela própria, a deixar-se levar pelos pensamentos negativos. “A minha carreira como surfista foi um grande desafio e transformei-me naturalmente numa contadora de histórias motivacionais”, conta, olhos fixos no mar dos Açores, justificando assim por que se tornou uma life coach.
Foi por ter sido tão difícil colocar o seu nome na história do surf que Layne criou, há uns anos, na Austrália, a fundação Aim For The Stars, para ajudar raparigas e mulheres a tornarem os seus sonhos realidade, sem enfrentarem adversidades e dificuldades financeiras.
Hoje pensa que se tivesse cedido ao cansaço, aos pensamentos negativos, não seria quem é: uma mulher diferente, mais segura, sem medos. O segredo? “Temos de olhar para a nossa própria vida que revela o nosso valor, o que acreditamos e estamos comprometidos a atingir”, explica de prancha debaixo do braço. “Se não atingirmos os objectivos é porque não acreditamos mesmo neles e estamos a sabotá-los”, continua. Isso acontecia-lhe quando estava a competir e Layne nem sempre se apercebia. “Somos responsáveis pelo que pensamos e somos”, diz.
Afastar pensamentos negativos
Como é que nos sabotamos a nós próprios? Quando estava em competição, na água, Layne pensava o que aconteceria se falhasse. “Tinha tanto medo.” Então, quando chegou a hora de lutar pelo sétimo título mundial, a australiana resolveu fazer diferente. “Desafiei o medo. Quis provar a mim mesma que, em vez estar com medo na água, estava lá num estado de amor e de gratidão”, recorda. De repente, Layne passou a usufruir da competição de outra forma: “Pensava que o sol sabia maravilhosamente, que a água estava linda”, recorda por entre risos. E conseguiu.
“Hoje sei que, muitas vezes, preferimos estar certos do que felizes”, alerta. O que não é bom. “Quando ganhei o meu sexto título, achava que isso não era suficiente, o ser a melhor das melhores, e isso o que me custou? Custou-me a saúde, amigos”, recorda.
Layne fala ainda sobre a importância de nos rodearmos de pessoas positivas, que não fazem críticas. “É importante encontrar a nossa tribo, pessoas que nos fazem felizes. Quantas vezes já nos disseram que não somos capazes? É preciso eliminar essas pessoas da nossa vida. São tóxicas, sugam-nos energia e a vida”, aconselha.
A vida de Layne é muito diferente do que era e transformou-se numa motivadora profissional. Casou com Kirk Pengilly, uma estrela rock dos anos 1980, dos INXS, que a acompanhou ao campeonato mundial de surf nos Açores. Já escreveu a sua biografia, Layne Beachley: Beneath The Waves, e prepara-se para lançar um segundo livro para usar nas conferências. Também já foi objecto de escrita The True Story Of World Champion Surfer Layne Beachley, da autoria de Rachel Jacqueline e Chloe Chick.
Nas suas conferências, Layne também fala sobre a importância de sentirmos que pertencemos a alguma coisa ou a algum lugar. “Onde é o vosso sítio feliz?”, pergunta. Para ela, a resposta é óbvia:“O oceano é o sítio onde me sinto feliz.”
O PÚBLICO viajou até São Miguel a convite do Turismo dos Açores