Hospital da Cruz Vermelha cria centro “inovador" para tratar doenças do coração

Francisco George explica que centro terá equipamentos de última geração. Vai apostar na prevenção e na continuidade dos cuidados após a alta do doente. Cruz Vermelha acredita que será possível estabelecer protocolos com o Serviço Nacional de Saúde.

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Francisco George assumiu a presidência da Cruz Vermelha em Novembro do ano passado Miguel Manso

O Hospital da Cruz Vermelha vai criar um centro especializado para tratar doenças do coração. O Heart Center (Centro do Coração, em português) representa um investimento de dez milhões de euros e será inaugurado a 11 de Fevereiro do próximo ano. Aberto aos beneficiários do cartão da instituição, subsistemas de saúde e seguros privados, os responsáveis acreditam que também será possível estabelecer protocolos com o Serviço Nacional de Saúde (SNS). O Estado é accionista, com 45% das acções, do Hospital da Cruz Vermelha.

Com uma equipa multidisciplinar preparada para prestar cuidados a crianças e adultos, o centro vai apostar na prevenção e na continuidade dos cuidados após a alta do doente, com a criação de uma linha telefónica disponível 24 horas por dia, todos os dias do ano, para que o doente possa falar em qualquer momento com a equipa que o tratou, e com monitorização em casa da situação clínica. “Se os doentes desenvolvem doenças crónicas, eu tenho de ter um acompanhamento crónico para ele. Tenho de o trazer para a consciência da doença crónica que tem, mas tenho de ter uma equipa toda preparada para perceber que, quando o doente precisa de falar, este esteja pronto para dar resposta”, explicou o director clínico, referindo que esta é uma das marcas mais diferenciadoras do projecto e que pode fazer a diferença na redução da mortalidade das doenças cardíacas.

Manuel Pedro Magalhães adiantou que a Cruz Vermelha criou um cartão especial a que as pessoas podem aderir – os custos podem variar entre os dois e os 8,5 euros mensais, dependendo da modalidade escolhida – que garante uma estimativa dos custos associados aos exames e tratamentos no centro. “Não tenho dúvidas nenhumas que também faremos protocolos para doentes do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou.

Também Francisco George, actual presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, salientou que “o objectivo final” é ter existência de acesso sem barreiras, lembrando que a instituição já tem protocolos com o SNS para cirurgias.

Da prevenção ao acompanhamento

O antigo director-geral da Saúde explicou, durante a apresentação do projecto, que “o centro para o coração abrange todas as dimensões da prevenção – primária e secundária –, diagnóstico precoce, tratamento imediato e integração de cuidados pós alta” do doente.

Classificando-o como “inovador", Francisco George disse que o centro se “distingue dos serviços comuns de cardiologia ou de cirurgia cardiotorácica ou cardiologia de intervenção”, por apostar na prevenção, no acesso rápido e em equipamentos de última geração que permitirão intervenções cirúrgicas minimamente invasivas.

Segundo o cardiologia Vasco Gama Ribeiro a tónica do projecto é a da “medicina centrada no doente”, permitindo que este esteja ligado ao hospital mesmo depois de ir para casa numa lógica de telessaúde, “através de dispositivos que permitem controlar a pressão arterial, peso, arritmias e terapêuticas”. “O doente fará parte do seu próprio tratamento, sempre acompanhado pela equipa médica.”

Haverá também uma aposta na imagiologia como forma de rastreio das doenças cardíacas, salientou o especialista, referindo que “em cerca de 50% dos doentes com patologia cardíaca, a primeira manifestação da doença é a morte súbita”.

O cirurgião cardiotorácico Luís Baquero acrescentou que o centro pretende tratar todos os doentes, “desde a idade pré-natal até aos cem anos” e da “doença mais simples até à transplantação cardíaca no futuro".

Teresa Magalhães, presidente da comissão executiva da Cruz Vermelha, justificou a aposta com a elevada mortalidade das doenças cerebrovasculares, que são responsáveis por 30% das mortes em Portugal. A responsável salientou ainda que a “insuficiência cardíaca é uma área com alta morbilidade e mortalidade, que afecta entre a 1% a 2% da população mundial” e que se estima que afecte 360 mil doentes em Portugal.

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