"Vamos usar todos os recursos disponíveis para aumentar o número de residências"

Depois de ter admitido recorrer a privados para aumentar número de camas para os alunos da UL, o reitor Cruz Serra confessa que a vocação deve ser dos serviços sociais da universidade pois só assim se podem controlar os preços.

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Nuno ferreira Santos

A Universidade de Lisboa está a fazer um esforço para aumentar o número de residências para estudantes. Mas, com o disparar do preço da habitação em Lisboa, não lhe parece que se esteja a bloquear o acesso dos filhos da chamada classe média residente fora de Lisboa ao ensino superior? Em poucos anos, só os ricos ou quem vive em Lisboa é que podem ter um curso superior tirado em Lisboa? Isto não é subverter completamente o princípio da igualdade? Não o preocupa?
Temos em execução um número grande de residências porque o problema se tornou óbvio há uns anos. O tempo que se demora a fazer uma residência, dada a burocracia, é, contudo, terrível.

Há três, quatro anos, um quarto razoável tinha um valor médio de 270, 280 euros. Há um ano, já ia em 410 euros e agora estamos acima dos 520 euros. Isto é muito caro. Estamos a tentar acudir a todos os casos em que nos aparecem estudantes que não conseguem suportar os custos. O número de camas é muito baixo.

Nota que já está a mudar o perfil dos alunos em função desse constrangimento?
Não. Mas temos que ser rápidos neste assunto. Até daqui a ano e meio teremos mais 1000 camas, mas estamos a fazer residências com recursos que libertámos no processo de fusão das universidades (a Técnica com a Clássica). Vão ser geridas pelo serviço de acção social, que tem uma tabela de preços — que também agora nos foi congelada porque agora é popular congelar coisas — que termina nos 160 euros. Eu não tenho dinheiro para fazer tudo aquilo que é preciso fazer.

No ano passado, em entrevista ao PÚBLICO, disse que seria através de parcerias com privados que a Universidade de Lisboa ia resolver o problema da falta de residências...
Posso concessionar residências, mas há um problema: se for por esse caminho, não posso regular o preço dos quartos...

Tem falado com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa sobre este assunto?
Muitas vezes. Ainda hoje falei outra vez. O presidente da câmara tem sido muito disponível. A câmara comprou um edifício à Segurança Social, em frente ao Instituto Superior Técnico, que será transformado em residência de estudantes. Toda a obra será paga pela câmara. E iremos reduzir os saldos ao mínimo indispensável para ter a universidade em funcionamento porque a nossa intenção é usar todos os recursos disponíveis para aumentar o número de residências.

Não podemos deixar que quem tem capacidade e vontade de estudar em Lisboa deixe de vir por razões económicas.

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