Quem tem medo de Bolsonaro

Enquanto dominar em Portugal o malabarismo ideológico da esquerda, vazio de substância e de razão, iniciativas patéticas destas lamentavelmente continuarão para gáudio de grande parte da nossa classe política, refém de um discurso hipócrita e populista.

Algumas parlamentares de esquerda juntaram-se ontem para um retrato de família contra a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil.

Esta patrulha ideológica constituída pelas deputadas Catarina Martins, Mariana e Joana Mortágua do BE, Isabel Moreira do PS e Heloísa Apolónia do PEV, entre outras, uniu-se em protesto com um único fim — impor autoritariamente a sua vontade, seguindo a velha tradição estalinista da denúncia dos desvios ideológicos como forma de ajudar a codificar uma linha totalitária de pensamento e de ação.

Para estas deputadas tudo o que escapar a esta codificação deverá ser necessariamente patrulhado e severamente punido. Mas constará também das suas preocupações a violação das liberdades individuais e dos direitos humanos perpetrada por Maduro ou esta violação será um facto secundário perante a necessidade de se fazer vingar na Venezuela o Socialismo à outrance?

O jogo democrático não deve silenciar as opiniões opostas, eliminá-las ou evitar que se manifestem. Deve promover o confronto livre dos contrários para uma escolha consciente da melhor alternativa. 

O discurso que apele ao combate à corrupção, ao enriquecimento ilícito e à violência no Brasil e que defenda a restituição dos valores morais e da liberdade de expressão, com um profundo respeito pelas diferenças e pelo contraditório, que a esquerda no Brasil como em Portugal prega mas não cumpre, é o discurso que deve vingar.

Com exemplos de corrupção grosseira como os de Lula, muito mais próximos ideologicamente destas deputadas, cumpria-lhes manter o recato de se deixarem sossegadas nas respetivas bancadas parlamentares e saber que estrategicamente, em matéria de marketing político, iniciativas destas produzem geralmente o efeito inverso do pretendido no eleitorado.

Enquanto dominar em Portugal o malabarismo ideológico da esquerda, vazio de substância e de razão, iniciativas patéticas destas lamentavelmente continuarão para gáudio de grande parte da nossa classe política, refém de um discurso hipócrita e populista.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico 

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