Abbas diz na ONU que os EUA não podem ser os únicos mediadores no Médio Oriente

Foi uma resposta às decisões de Donald Trump (que mudou a embaixada dos EUA para Jerusalém) e ao anúncio de terça-feira, quando disse que terá um plano de paz para o Médio Oriente dentro de “quatro meses".

Foto
Abbas durante o seu discurso em Nova Iorque JUSTIN LANE/EPA

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, defendeu nesta quinta-feira que os Estados Unidos tenham o estatuto de mediador único no Médio Oriente, acusando o Presidente Donald Trump de pôr “em perigo” a solução a dois Estados, um israelita e outro palestiniano.

“Com todas as suas decisões, o Governo americano retrocedeu em todos os compromissos antes assumidos pelo seu país e pôs inclusivamente em perigo a solução de dois Estados”, disse na abertura da 73.ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque.

“Os Estados Unidos actuam como mediadores mas nós encaramo-los agora com um novo olhar”, disse Abbas ao mencionar o reconhecimento, por parte dos EUA, de Jerusalém como capital de Israel ou o corte na ajuda à agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).

“Os Estados Unidos não devem ser um mediador único”, acrescentou Abbas, respondendo ao Presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu na terça-feira apresentar um plano de paz para o Médio Oriente dentro de “quatro meses”.

“Temos à nossa disposição um Quarteto, muito bem, os Estados Unidos podem participar no Quarteto”, acrescentou, numa referência ao para a paz no Médio Oriente que reúne EUA, Rússia, União Europeia e ONU.

“Jerusalém não está à venda” e “os direitos dos palestinianos não são negociáveis”, disse o presidente palestiniano no início do discurso. “Queremos um Estado com fronteiras bem definidas. Só depois poderemos coexistir pacificamente com Israel”.

“Jerusalém Ocidental no seu conjunto é a nossa capital”, insistiu Abbas, após um encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres, onde foi reafirmado o “compromisso comum” pela solução a dois Estados, com Jerusalém como capital partilhada.

Abbas recordou que entre os 193 países das Nações Unidas “183 reconheceram o Estado da Palestina”. E insistiu: “Apelo a todos os países do mundo, e aos que ainda não o fizeram, a concretizar esse reconhecimento”. 

O presidente palestiniano também anunciou que “o Estado da Palestina foi eleito para presidir em 2019 ao Grupo dos 77", que junta os países da ONU em desenvolvimento, recebendo fortes aplausos na sala.

Formado na origem para favorecer os interesses económicos dos seus membros, esta coligação de Estados em desenvolvimento, que mantém a designação de Grupo dos 77 apesar dos 134 que actualmente congrega, tornou-se numa força de negociação na ONU.

Sugerir correcção
Comentar