Grande Escolha, um restaurante no campo que não quer ser gourmet

Entre o mar e o campo está o fine dinning do hotel Dolce Campo Real. Ganhou o prémio de melhor restaurante de resort europeu.

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A cozinha de finalização está integrada na sala de refeições DR
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Os jantares podem ser acompanhados com vinho da região DR
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A sala tem cerca de 30 lugares DR

É preciso entrar no hotel Dolce Campo Real, atravessar o lobby, o comprido corredor de pedra e espelhos, passar o bar e virar à esquerda para chegar ao Grande Escolha, um restaurante que não quer ser gourmet mas que apresenta pratos elaborados, saborosos e cheios de bom gosto. Com Rui Fernandes à frente da cozinha há cinco anos, o restaurante recebeu, no início de Setembro, o prémio “Melhor Restaurante de Resort Europeu”, na cerimónia dos World Luxury Restaurant Awards.

Este é um prémio que deixa o chef  feliz. No entanto, Rui Fernandes tende a desvalorizá-lo e a dedicá-lo à sua equipa. “Quando saíram as nomeações confesso que não estava à espera. Ganhámos e senti-me orgulhoso, mas não me automotiva. É importante para a equipa, mas não vai alterar em nada aquilo que faço”, confessa ao Fugas, depois de uma noite onde serviu centenas de refeições. Afinal Fernandes não está à frente apenas do Grande Escolha, mas dos restantes espaços de restauração do Dolce Campo Real, em Torres Vedras. “Sou o chef de todo o hotel, mas aqui [no Grande Escolha] faço o que me dá prazer. Estes menus de degustação são algo de mais pessoal”, conta.

Sempre que pode, Rui Fernandes dedica-se a fazer jantares vínicos. Foi assim em Agosto e prolongou-se a Setembro, altura em que fez também jantares a quatro mãos, ou seja, convidando outros chefs  para cozinharem com ele. As escolhas recaíram em colegas com ligação à região Oeste – Celso Duarte Padeiro, António Amorim e Carlos Gonçalves delinearam menus que foram servidos ao sábado, no Grande Escolha –, acompanhados por vinhos locais.

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De Santarém, Rui Fernandes está há cinco anos à frente das cozinhas do Dolce Campo Real DR

Esta iniciativa enquadrou-se nas comemorações da Cidade Europeia do Vinho e da Vinha 2018 – Torres Vedras e Alenquer. “Vamos continuar”, promete Rui Fernandes, para quem os jantares foram um sucesso. Entretanto, até ao final do ano, o Dolce Campo Real tem o pacote Wine Lovers que além do jantar vínico inclui alojamento com pequeno-almoço, prova de vinhos, acesso ao Mandalay Spa e às piscinas, interior e exterior (a partir de 155 euros por noite, durante o mês de Outubro). A prova de vinhos pode decorrer na adega do hotel ou no bar, inclui um copo de vinho branco e um de tinto da região vitivinícola de Lisboa.

O empreendimento tem uma relação privilegiada com os produtores da região, explica Miguel Inácio, director de Food & Beverage, ao Fugas. A inspiração do chef vem de todo o lado – dos vinhos, dos produtos da região, dos clientes… “Todos os dias penso numa coisa, vão surgindo ideias e quando chega a altura de mudar a carta tentamos sempre que seja interessante”, responde.

“Queremos quebrar o conceito de fine dinning, temos boa comida”, declara Miguel Inácio. O chef reforça a ideia: “Isto não é um restaurante gourmet. Toda a gente quer ser gourmet, mas para mim é importante falar com os clientes e perceber do que gostam.”

Por isso, o chef procura que a sua cozinha seja “muito aberta, com pratos mais rústicos, outros mais contemporâneos, com pratos para partilhar”. “Ou seja, não temos de ficar agarrados a um conceito”, resume.

Mudança de carta para Outubro

E isso vê-se no último jantar de Setembro feito a quatro mãos, neste caso com Carlos Gonçalves. A entrada é uma vieira com pata negra e ervilhas em várias texturas – um prato saboroso, acompanhado por Lasso, um rosé da Quinta do Pinto, da região de Alenquer; seguida de uma lagosta suada de Peniche que foi acompanhada por um branco da Adega Mãe, de casta Viosinho, de Torres Vedras – esta foi a contribuição de Rui Fernandes.

Depois de um sorbet  de lima e manjericão, útil para limpar o palato, entrou em acção Carlos Gonçalves com uma vaca da "cabeça aos pés", com puré de cherovia e legumes baby  de Runa; um prato, onde a carne de vaca foi elegantemente estufada, acompanhado por um tinto de Monte D’Oiro de monocasta Syrah, de Alenquer. Para a sobremesa foi dada primazia à fruta – morangos, abacate e coco com um sorbet  fresco, acompanhado com um cocktail. Estes jantares tiveram o custo de 45 euros por pessoa.

O restaurante abre apenas à hora de jantar. A excepção é ao domingo onde há brunch, das 12h às 16h, a pensar nas famílias, com pães, pastelaria, sobremesas, sumos de fruta, compotas e doces caseiros, pratos quentes, saladas e outros pratos preparados ao momento. O preço é 35 euros por pessoa, com desconto de 50% para as crianças entre os 3 e os 12 anos. 

Para Outubro, a promessa é a da mudança de carta e Rui Fernandes está já a pensar no Natal e na Passagem de Ano, altura em que enche os dois restaurantes do Dolce Campo Real. Mas o primeiro a esgotar é o Grande Escolha, avisa. À saída, Miguel Inácio lembra: Torres Vedras fica a meia hora de Lisboa. Por isso, é um saltinho para experimentar uma cozinha que se quer despretensiosa mas que é muito bem-feita e à vista de toda a gente, uma vez que a finalização dos pratos acontece num espaço de cozinha bem integrado na sala de jantar.

O Fugas jantou a convite do Dolce Campo Real

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