PCP viabiliza inquérito a Tancos, mas preferia avaliar culpas de todos os governos

Comunistas deverão abster-se na votação da criação de uma comissão de inquérito mas avisam que seria melhor esperar pelo fim da investigação criminal para o Parlamento poder ter acesso a informação que agora ainda está em segredo de justiça.

Foto
Rui Gaudencio

Não será pelo PCP que a comissão de inquérito ao furto de Tancos, proposta pelo CDS-PP, não será criada, mas os comunistas avisam que seria melhor esperar pela conclusão da investigação criminal que está em curso e defendem que é preciso apurar responsabilidades políticas de todos os governos que permitiram que as condições de segurança dos paióis se degradassem. Esta pressa do CDS-PP é um sinal de oportunismo político dos centristas, aponta o PCP, que os acusa de quererem apenas "marcar a agenda político-partidária e não discutir a matéria de fundo".

Falando aos deputados no Parlamento, o deputado comunista Jorge Machado disse que o partido está "preocupado" com os recentes desenvolvimentos do caso Tancos - a detenção de oito pessoas, entre elementos da PJ Militar, incluindo o director, e da GNR, assim como do autor do furto - e defende o "apuramento de todas as responsabilidades criminais, políticas e hierárquicas dentro do Exército".

Segredo de justiça

"Havendo um processo criminal em curso, a comissão parlamentar de inquérito está limitada no acesso à informação" porque há questões em segredo de justiça, lembrou Jorge Machado. O ideal é esperar para se poder fazer o apuramento das responsabilidades políticas que uma comissão parlamentar de inquérito deve fazer.

Porém, o deputado comunista avisa que o seu partido quer ir mais longe do que o CDS na questão política, e por isso defende que se devem então apurar as responsabilidades dos sucessivos governos do PS mas também do PSD e CDS que preferiram investir em missões externas e descuraram as missões internas e o financiamentos das Forças Armadas, e especificamente "degradaram as condições de Tancos", mas também das "altas estruturas do Exército" que permitiram que isso acontecesse e não acautelaram a segurança das instalações.

Jorge Machado criticou o "comportamento aquém do desejável" do ministro da Defesa Nacional nas diversas vezes em que esteve na Comissão de Defesa para falar sobre o assunto, dizendo sempre desconhecer uma série de questões e recusando explicar outras. Azeredo Lopes, descreveu o deputado, limitou-se a "analisar o presente, falar sobre o que fez no imediato para repor a segurança nos paióis e sobre a transferência do material; mas nunca falou no apuramento de responsabilidades das altas estruturas do Exército".

Morrer na praça

"Parece-nos que a responsabilidade [do furto de Tancos] vai morrer na praça ou no sargento que estava de vigia naquele dia e não chegará aos altos responsáveis do Exército e aos ministros que tiveram responsabilidades sucessivas no abandono das instalações militares."

O deputado considera que neste momento, com a notícia da detenção e a explicação sobre como foi feita a devolução e apreensão do material roubado, a Comissão de Defesa "devia ir mais longe na análise do que aconteceu", mas só quando for possível ter acesso à informação da investigação. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários