Do ukulele aos mayors: este filme vai mostrar a diáspora portuguesa no Havai

O realizador Nelson Ponta-Garça apresenta a terceira produção da série documental Portuguese In. Filme será emitido na televisão portuguesa nos próximos meses.

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Terray Sylvester/Reuters

Mais de 10% da população do Havai (EUA) descende de portugueses, "uma realidade quase desconhecida" e que é o foco do novo documentário do realizador Nelson Ponta-Garça, que estreia esta sexta-feira, 28 de Setembro.

"Pouca gente imagina que existam tantos portugueses no Havai", disse à Lusa o realizador açoriano radicado na Califórnia. A estimativa é de que "mais de 10%" da população do arquipélago, que totaliza 1,428 milhões de habitantes, seja lusodescendente.

Com duração de 42 minutos, o documentário tem produção executiva da lusodescendente Marlene Hapai, directora do Imiloa Astronomy Center, e inclui mais de 40 entrevistas, desde líderes comunitários ao comediante Frank De Lima e ao cantor Glenn Medeiros.

A estreia do documentário coincide com a celebração dos 140 anos da chegada da primeira grande vaga de imigrantes portugueses ao Havai, que aconteceu a 30 de Setembro de 1878 a bordo do navio SS Priscilla. A maioria dos imigrantes era proveniente da Madeira e dos Açores, chegou entre 1878 e 1913 e foi para o arquipélago, então reino independente, trabalhar em plantações da cana do açúcar.

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Do ukulele às malassadas

Ao contrário do que acontece com outras comunidades lusoamericanas, a diáspora portuguesa no Havai não manteve ligação com o território nem com a língua portuguesa, algo que se deve ao facto de o arquipélago ser "muito longe", explicou Ponta-Garça.

A influência portuguesa na ilha é visível no ukulele, que se baseia no cavaquinho, "na presença política" — em Maui os três mayors são de origem portuguesa — e nalguma gastronomia: é possível encontrar as típicas malassadas (bolo típico madeirense), com a grafia adaptada a "malasadas" e também há "pãó dôcé". Na cadeia de fast food McDonald's, o menu inclui salsichas portuguesas.

O documentário é uma co-produção RTP e será emitido na televisão portuguesa nos próximos meses, ainda sem data de estreia. Ponta-Garça contou ainda com o patrocínio da FLAD - Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e do Governo Regional dos Açores, que se fará representar na estreia em Hilo, esta sexta-feira.

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Nelson Ponta-Garça

O Imiloa Astronomy Center, palco da estreia, está ligado à Universidade do Havai e faz parte da Night Sky Network da agência espacial NASA. Liderado por uma lusodescendente, Marlene Hapai, é "um dos mais conceituados de observação de estrelas em todo o mundo", disse Ponta-Garça. O primeiro imigrante português de que há registo no arquipélago é João (John) Elliott de Castro, que segundo a biblioteca do Congresso norte-americano chegou em 1814 e foi médico do rei Kamehameha.

Este filme é a terceira produção Portuguese In, que começou em 2014 com uma série documental de nove episódios sobre a diáspora na Califórnia, onde Ponta-Garça reside, e teve continuidade no ano passado com quatro episódios dedicados à imigração portuguesa na Nova Inglaterra. O realizador pondera ainda rumar à Flórida para se debruçar sobre a comunidade imigrante naquele estado, antes de terminar a série com uma produção de maior envergadura, Portuguese in America.

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