Hegemonia de Ronaldo e Messi desfeita 11 anos depois por Modric

Português e argentino não foram à cerimónia que coroou o croata. Modric juntou galardão da FIFA aos prémios de melhor jogador do Mundial e da UEFA. Deschamps foi distinguido como melhor treinador

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Modric a receber os parabéns do seu colega de equipa no Real Madrid, Marcelo, após vencer o The Best Reuters/JOHN SIBLEY

Nem um, nem o outro – pela primeira vez em 11 anos, o melhor jogador do mundo não é nem Cristiano Ronaldo, nem Lionel Messi. Os prémios The Best, atribuídos pela FIFA, nesta segunda-feira, em Londres, distinguiram o croata Luka Modric como o futebolista que mais se distinguiu no último ano, permitindo-lhe juntar esse galardão ao de melhor jogador do Mundial e melhor jogador da UEFA. Didier Deschamps, seleccionador da campeã do mundo França, recebeu o prémio de melhor treinador. E, numa noite sem surpresas de maior, a maior delas foi a distinção da brasileira Marta como melhor jogadora do mundo pela sexta vez.

Foi há 11 anos mas parece que foi há um século, algo a exigir ferramentas arqueológicas para ser recordado: Kaká foi, em 2007, o último futebolista fora do binómio Ronaldo-Messi a ocupar o trono do futebol mundial. Nesse ano, o brasileiro recebeu o prémio da FIFA e a Bola de Ouro da France Football, e passaria mais de uma década até que alguém conseguisse a proeza de quebrar o domínio luso-argentino. Modric foi o responsável por esse feito, tendo recolhido 29,05% do total de votos (divididos por quatro parcelas – seleccionadores, capitães, jornalistas e internautas – com peso igual na eleição).

“É uma grande honra receber este troféu incrível. Parabéns ao Mohamed [Salah] e ao Cristiano pela grande temporada que tiveram”, começou por afirmar Modric, referindo-se aos outros dois finalistas, após receber das mãos do presidente da FIFA, Gianni Infantino, o galardão. “Tenho a certeza que no futuro voltarão a ter oportunidade de lutar por este troféu. Ele não é só meu, é de todos os meus companheiros no Real Madrid e na selecção croata. E dos treinadores com quem trabalhei, sem eles isto não seria possível. É também da minha família, sem ela não seria o jogador que sou. Tenho de falar do meu ídolo futebolístico e a minha grande inspiração, capitão da geração de 1998, que chegou ao bronze no Mundial da França. Fez-nos acreditar que era possível conquistar algo pelo nosso país. Com trabalho os sonhos podem tornar-se realidade”, completou o internacional croata, referindo-se a Boban, que ouvia, em lágrimas, na plateia.

Cristiano Ronaldo, ausente da cerimónia, ficou em segundo lugar na votação (19,08%), à frente de Salah (11,23%). Messi, que também optou por não marcar presença em Londres, seria apenas o quinto mais votado, com 9,81%, tendo ficado atrás de Kylian Mbappé (10,52%). Manteve-se também a tradição de nenhum deles dar a pontuação máxima ao outro: enquanto o capitão da selecção portuguesa, Ronaldo deu cinco pontos a Varane, três a Modric e um a Griezmann. Já Messi votou em Modric, Mbappé e Ronaldo.

De acordo com os dados divulgados pela FIFA, a votação mais elevada da noite pertenceu a Didier Deschamps, técnico que conduziu a selecção francesa ao título de campeã mundial e foi eleito treinador do ano. Deschamps recolheu 30,52% do total de votos, relegando Zinedine Zidane, distinguido em 2017 e que venceu a Liga dos Campeões pela terceira temporada consecutiva, para o segundo lugar (com 25,74%). O seleccionador croata Zlatko Dalic foi terceiro (11,81%), com pouca vantagem para Pep Guardiola (11,46%).

A eleição mais inesperada da noite aconteceu no futebol feminino, com Marta a ser eleita melhor jogadora do mundo pela sexta vez. “Já estive nesta posição muitas vezes, e todas as vezes me emociono. Jogar futebol é a melhor coisa que faço na vida. É um momento mágico”, disse a futebolista brasileira, que em 2017-18 ajudou a selecção do Brasil a conquistar a Copa América e contribuiu para o seu clube, o Orlando Pride, chegar às meias-finais da Liga norte-americana. Com 14,73%, Marta bateu a alemã Dzsenifer Maroszán (12,86%) e a norueguesa Ada Hegerberg (12,60%), ambas campeãs em França e na Liga dos Campeões pelo Lyon.

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