Cartas ao director

A mobilidade e os imprestáveis

Na Semana da Mobilidade saltam mais à vista os disparates proferidos pelos governantes e também pelos responsáveis das empresas de transportes no que concerne ao uso de carros próprios e de passageiros. E revelam com mais clareza o seu pensamento: existem os dirigentes e os dirigidos. Direitos para os primeiros. Deveres para os segundos. Falam da necessidade de mudar a cultura do povo. Essa mania de usar carro em vez de transportes públicos tem de acabar. As pessoas devem encarar como fatalidade irem trabalhar ou estudar ensanduichados nos transportes públicos, Aceitarem como normal, a desarticulação entre carreiras, horários aquém das necessidades, serem transportados em material degradado e não terem, sequer, a garantia de o utilizarem apesar de pagarem e muito, para isso, atempadamente. Olhar para o carro, como uma pausa - cara aliás - para essa tortura é crime. De facto, acho eu, que num pais apostado na mobilidade, com o investimento nessa área (Portugal é dos países na Europa que investe menos nos transportes), os cidadãos, invariavelmente, usariam o transporte público como a natural forma de se deslocarem, reservando-se o direito a usar o carro particular sempre que o entendam, por comodismo ou o que quiserem. Porém, a esta cultura também deve juntar-se a cultura dos administradores das empresas públicas de transportes - à imagem dos chefs que comem o mesmo que servem aos clientes - usarem os transportes públicos que administram. Ao transportarem-se nos respectivos, ficarão com mais sabedoria e tenho a certeza que ao sacrificarem-se à não utilização das viaturas particulares com e sem motorista, postas ao dispor das excelências e pagas pelos contribuintes, os transportes públicos melhorarão num ápice. Eis a oportunidade desses e imprestáveis se redimirem à luz de uma autentica cultura de prestação do serviço público.

Aristides Teixeira, Almada

Valorizar a educação
Com o arranque do novo ano lectivo surgem as preocupações (…) no seio da comunidade escolar e em geral da comunidade educativa. E apesar dos progressos ao nível dos saberes e das práticas de inclusão, fruto do empenho e do profissionalismo dos intervenientes, continuamos a ser um dos países da Europa com uma maior taxa de analfabetismo. Uma realidade que é justificada, na maioria dos casos, pelo absentismo e o insucesso escolar. Todavia, neste contexto, não se pode ocultar o procedimento e a inépcia de alguns políticos ao não compreenderem que uma das formas de defender a democracia e a liberdade consiste na educação. Algo que nos liberta e permite cada um pensar e assumir como processo de consciencialização. Por isso, há que valorizar a educação como um projecto colectivo com o intuito de promover valores comuns e alcançar um futuro melhor ao invés de aumentar as desigualdades entre cidadãos e dar azo a uma sociedade elitista e ditatorial como outrora.
Manuel Vargas, Aljustrel

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