Tribunal ordena avaliação psiquiátrica a Marine Le Pen

Líder do partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional considera que ordem judicial é "inacreditável". Avaliação foi pedida no âmbito de um processo em que Le Pen é acusada de disseminar conteúdo violento na Internet.

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Reuters/CHARLES PLATIAU

Um tribunal francês ordenou que Marine Le Pen se submeta a uma avaliação psiquiátrica no âmbito de um processo judicial por ter divulgado no Twitter imagens de execuções feitas pelo grupo jihadista  Daesh. A revelação foi feita pela própria líder do partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (antiga Frente Nacional), que criticou a ordem.

O processo foi aberto quando Le Pen divulgou, em 2015, três imagens de decapitações, incluindo a do jornalista norte-americano James Foley, estando acusada de disseminar conteúdo violento.

“Pensava que já tinha visto de tudo: mas não! Por ter denunciado os horrores do Daesh em tweets, a ‘Justiça’ quer submeter-me a uma avaliação psiquiátrica! Até onde irá isto?”, escreveu Le Pen no Twitter. “É inacreditável”.

Le Pen fez acompanhar os tweets com o documento do tribunal, datado de 11 de Setembro, que dá ordem para a realização da avaliação, explicando que o mesmo serve para confirmar a existência de alguma doença mental ou se é “capaz de compreender o discurso e de responder a perguntas”.

Noutro tweet, a antiga candidata presidencial francesa afirmou que a decisão é “alucinante”. “Este regime está mesmo a ficar assustador”.

Mais tarde, na Assembleia Nacional francesa, Le Pen garantiu aos jornalistas que não vai cumprir a ordem. “Quero ver como me vão forçar”, desafiou. 

O tribunal não confirmou a ordem, mas alguns procuradores explicaram aos jornais franceses que este tipo de perícias médicas são procedimentos naturais em processos onde está em causa a divulgação de conteúdos violentos na Internet. Algo que Le Pen também contestou: “Explicam que a análise psiquiátrica é um procedimento usual: mentira! O Ministério Público refere-se a disposições relativas à ‘ameaça a menores’, que, tendo em conta o contexto político dos tweets, é uma aberração absoluta”. “É no contexto em relação a pedófilos e desvios sexuais que a perícia psiquiátrica é feita obrigatoriamente”, acrescentou.

Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de extrema-esquerda França Insubmissa, criticou a ordem, considerando que é desnecessária, e afirmando que Le Pen é “politicamente responsável pelos seus actos políticos”. “Não é desta forma que iremos enfraquecer a extrema-direita”, acrescentou.

De Itália também chegaram palavras de solidariedade, nomeadamente de Matteo Salvini, actual ministro do Interior e líder da Liga, partido de extrema-direita. “Um tribunal ordenou uma avaliação psiquiátrica a Marine Le Pen. Faltam-me as palavras. Solidariedade para com ela e para com os franceses que amam a liberdade”, escreveu no Twitter.

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