Destaques da semana de moda de Londres: uma nova era da Burberry e dez anos de Victoria Beckham

Riccardo Tisci apresentou a sua primeira colecção como director criativo da Burberry e Victoria Beckham celebrou o 10.º aniversário da marca epónima.

Foto
Nos bastidores do desfile da Burberry Instagram, @burberry

Depois de Nova Iorque, Londres é a segunda paragem no circuito das quatro principais semanas de moda. Segue-se Milão e Paris. Mostramos-lhe alguns dos destaques das apresentações para a estação de Primavera/Verão 2019.

A nova Burberry

Foi o arranque de uma nova era para a Burberry, que este ano se despediu de Christopher Bailey, depois de 17 anos como director criativo. O italiano Riccardo Tisci tomou as rédeas e esta semana apresentou a sua primeira colecção, que começava com os tons beges e o tailoring clássico da Burberry e transitava para as minissaias com zipper metálico e versões desconstruídas do trench coat. A directora da Vogue, Anna Wintour, descreveu-a como "chique refinada, elegante". 

Uma década de Victoria Beckham 

Depois de anos a apresentar as colecções em Nova Iorque, Victoria Beckham regressou à terra natal e celebrou o 10.º aniversário da sua marca epónima na semana de moda de Londres. Hoje respeitada dentro da indústria da moda, a marca começou por espelhar o estilo pessoal da ex-cantora britânica – que usava frequentemente vestidos curtos e apertados na cintura – e evoluiu, ao longo dos anos, para uma estética mais sofisticada, em linha com a tendência mais geral da roupa modesta. "Ao longo dos últimos dez anos notei imensa mudança da indústria da moda: muito mais diversidade e as pessoas a regerem-se menos por fórmulas", comenta na sua conta de Instagram. Com vestidos de alças sobrepostos em T-shirts e calças, a colecção remetia para a década de 1990, fazendo quase uma ligação ao passado das  Spice Girls. 

Identidade de género na era vitoriana

A colecção de Primavera/ Verão 2019 da Erdem partiu da casa que o criador (Erdem Moralioglu) adquiriu recentemente, em Londres, na mesma rua onde moraram no século XIX Frederick Park e Ernest Boultonm, que viveram como mulheres e ficaram conhecidas como as irmãs Stella e Fanny. Daí resultou uma colecção rica em referências à era vitoriana e ao mesmo tempo em plena sintonia com o clima social dos tempos de hoje, em que a identidade de género se tornou um tema central. Os grandes chapéus e véus que ocultavam a identidade de alguns manequins permitiram que o criador escondesse no meio de um cast quase todo feminino dois modelos masculinos, escreve com o Guardian.

Christopher Kane quis falar sobre sexo

Numa altura que que predominam as saias compridas e decotes com pouca profundidade, o criador Christopher Kane continua a abordar o tema da sexualidade para a mulher moderna. Com uma banda sonora composta por palavras de Marilyn Monroe e do naturalista David Attenborough a falar sobre comportamentos sexuais do mundo animal, apresentou uma colecção repleta de vestidos de renda pretos e encarnados com recortes em forma de línguas. “Eu e a Tammy [a sua irmã e co-directora criativa] não interpretamos o sexo com mais ninguém. É intelectual. É subversivo”, comenta Kane, citado pela Vogue. 

Armazéns londrinos de janelas partidas

Nas vésperas da semana de moda de Londres, um grupo de mulheres reuniu-se à entrada dos armazéns Harvey Nichols para celebrar o centenário do sufrágio feminino em Inglaterra, reencenando uma cena que se passou em 1912, quando as suffragettes, lideradas por Emmeline Pankhurst, partiram janelas das lojas de rua à volta da zona de West End. "Elas conseguiram o voto depois de anos e anos de campanhas de várias organizações", explica a bisneta, Helen Pankhurst. "Emmeline decidiu que destruir propriedade era a forma de o fazer. Não queriam magoar pessoas", acrescenta. A activista explica que o evento organizado no mês de Setembro era, por um lado, uma "demonstração de quanto as coisas mudaram", com o simbolismo de "partir telhados de vidro".

Sugerir correcção
Comentar