Comunistas russos acusam Rússia Unida de fraude eleitoral

O candidato comunista nas eleições em Vladivostok estava na frente durante a contagem de votos, mas o resultado acabou por ser favorável ao Rússia Unida. A controvérsia surge num clima de contestação face à iminente subida da idade da reforma.

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O descontentamento advém da subida da idade da reforma Reuters/YURI MALTSEV

Manifestantes do Partido Comunista russo saíram à rua em Vladivostok, em protesto pelo resultado das eleições locais, que dizem ter sido manipuladas. O candidato da Rússia Unida, Andrei Tarasenko, apoiado pelo Presidente russo Vladimir Putin, saiu vitorioso por uma vantagem de apenas 1%.

Na primeira volta, a 9 de Setembro, nenhum dos candidatos obteve maioria absoluta. No domingo, quando estavam apurados 95% dos votos, o Partido Comunista estava em vantagem, mas esta acabou por ser revertida assim que os resultados finais foram divulgados.

A diferença de apenas 1,49% entre os dois candidatos fez com que os comunistas acusassem a oposição de fraude eleitoral.

O candidato do Partido Comunista, Andrei Ishchenko, que está em greve de fome como protesto, apelou aos seus seguidores no Facebook para que se manifestassem, defendendo que “os seus votos foram roubados”.

“Demita-se! Demita-se! Demita-se!”, gritaram cerca de 500 manifestantes esta segunda-feira em frente ao edifício da administração regional de Vladivostok, após as acusações de Ishchenko se tornarem públicas.

"Qual é o objectivo de votar se tudo está já foi decidido por nós?", questionava Galina, citada pela Reuters, que disse não votar há mais de dez anos.

Também Alexei Navalni, considerado o principal opositor a Vladimir Putin, apelou no seu blogue à realização de “um protesto em massa”, em Vladivostok. Navalni, que está detido desde 25 de Agosto por violação das leis que regulamentam os protestos, descreveu as eleições como “um insulto não só para os residentes da região, mas para todo o país”.

Denúncias de manipulação das eleições foram feitas por ambos os lados, de acordo com o canal RT. O Rússia Unida acusou os comunistas de comprarem votos durante a campanha, algo que o partido da oposição nega.

A presidente da Comissão Central de Eleições, Ella Pamfilova, declarou que até ao final da semana os resultados poderiam ser aceites ou rejeitados, caso as alegações de fraude eleitoral se verificassem verdadeiras, e revelou que será enviada uma comissão de inquérito para investigar possíveis irregularidades.

As manifestações, que são raras no regime de Putin, vêm juntar-se aos protestos contra a subida da idade reforma. Ainda que a posição de Putin no governo permaneça irrefutável, a sua popularidade tem vindo a baixar desde que a medida foi anunciada, no arranque do Mundial de Futebol, em Junho.

Texto editado por João Ruela Ribeiro

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