Palavras, expressões e algumas irritações: recomeçar

“Voltar a acontecer” é também tradução para “recomeçar”. E nesta data repetem-se as ansiedades e expectativas de quem estuda, de quem ensina e de quem educa. É sempre assim em Setembro. Feliz ano novo...

“Começar de novo ou ter recomeço o que se interrompeu.” Isto é, “continuar”. O dicionário dá vários exemplos para este verbo transitivo e intransitivo. “Recomeçar um trabalho” ou “o deputado não conseguiu recomeçar a sua intervenção”. (Às vezes, ainda bem.)

Uma das frases registadas questiona: “Quando é que as aulas recomeçam?” Pois bem, a esta podemos responder: amanhã, segunda-feira, dia 17 de Setembro. Mas desde quarta-feira que algumas escolas já “reiniciaram” o trabalho. É portanto tempo de “regressar” às aulas.

Leia-se um excerto da notícia de dia 12 de Setembro: “Entre esta quarta e a próxima segunda-feira, os alunos das escolas públicas voltam às aulas. Será um ano lectivo de adaptação ao paradigma da escola inclusiva e em que mais turmas terão currículos flexíveis.”

Na mesma notícia se dá conta das novidades neste “retomar” do ensino no novo ano lectivo: mais de 520 mil alunos têm manuais gratuitos, a educação especial passa a educação inclusiva, a flexibilidade curricular é alargada a todas as escolas, as turmas são mais pequenas, a disciplina de Educação Física volta a contar para a média e acabaram-se as moradas falsas.

“Voltar a acontecer” também é tradução para “recomeçar”. E nesta data repetem-se as ansiedades e expectativas de quem estuda, de quem ensina e de quem educa. É sempre assim em Setembro. 

Por isso escutámos, na quarta-feira, na IV Conferência Anual de Educação, em Setúbal, o secretário de Estado da Educação a desejar a todos — professores, alunos e famílias — “um feliz ano novo”. João Costa parecia sincero.

Também há “recomeços” sem data marcada. Nem sempre felizes.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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