Depois de ventos de 140 km/h, Helene afasta-se dos Açores

Tempestade tropical passou esta noite pelo arquipélago açoriano e a protecção civil registou dez ocorrências. Meteorologista garante que o fenómeno é menos perigoso que o furacão Ophelia, que afectou as ilhas em 2017.

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Tempestades Florence, Isaac e Helene no Oceano Atlântico LUSA/NASA HANDOUT

A tempestade tropical Helene, que se previa passar muito perto das ilhas do grupo ocidental (Flores e Corvo) do arquipélago dos Açores durante a noite de sábado e a madrugada deste domingo, está a afastar-se do território, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que prevê a melhoria gradual do estado do tempo durante este domingo.

O alerta vermelho para as duas ilhas baixou à meia-noite para amarelo, que é o previsto para o resto do arquipélago devido às previsões de chuva, vento e ondulação.

Pelas 00h00 (mais uma hora em Lisboa), o centro da tempestade tropical localizava-se a 105 quilómetros a norte-nordeste da ilha das Flores, com deslocamento a cerca de 39 quilómetros por hora, segundo o IPMA, em direcção ao Reino Unido e Irlanda.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), até às 21h, a rajada mais intensa tinha sido registada na ilha das Flores, com 96,5 km/hora.

Na ilha do Corvo, a precipitação acumulada em seis horas foi de 20 litros por metro quadrado e nas Flores de 15 litros por metro quadrado. Quanto ao estado do mar, registaram-se ondas com altura máxima observada de dez metros nas Flores e no Corvo, sendo a altura significativa das ondas de seis metros.

Apesar das condições metereológicas complicadas, a protecção civil registou apenas dez ocorrências. Aos habitantes das ilhas, a Protecção Civil recomenda que não obstruam estradas e linhas de água, não deixem objectos soltos, que fechem janelas e portas, não façam viagens durante o pico da tempestade e não fiquem na orla costeira.

Pelas 22h deste sábado, a tempestade deslocava-se para noroeste a 39 quilómetros por hora, uma velocidade que "deverá aumentar" nos próximos dois dias, analisa o Centro Nacional de Furacões norte-americano, numa note no seu site.

"Helene deverá aproximar-se ou passar sobre os Açores ao longo do dia de hoje ou durante a noite, e depois irá aproximar-se da Irlanda e do Reino Unido durante a noite de domingo e na segunda-feira", acrescentava a mesma nota. Quando alcançar a Irlanda, a tempestade mudará de classificação e passará a ser considerada um ciclone extra-tropical. 

A meteorologista Vanda Costa, da delegação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) dos Açores, explicou ao PÚBLICO na sexta-feira o percurso da tempestade tropical e sublinhou que a população deve estar atenta e seguir as indicações da Protecção Civil. As autoridades estão de prevenção nesses grupos desde sexta-feira, escreve o jornal Açoriano Ocidental

No grupo central — Terceira, Graciosa, Pico, Faial e São Jorge — "deverá também verificar-se um agravamento do vento, precipitação e agitação marítima, mas com menor intensidade", ao passo que o grupo oriental — São Miguel e Santa Maria— "deverá ser o menos afectado pela tempestade". Ainda assim, prevê-se que o céu esteja muito nublado com precipitação forte e rajadas de vento na ordem dos 85 quilómetros por hora.

O continente e o arquipélago da Madeira não deverão ser afectados, a não ser sob a forma de agitação marítima. "Podemos sentir alguns efeitos no dia 17, segunda-feira. Pode haver um aumento da agitação marítima na faixa costeira ocidental e na Madeira", disse à Lusa a meteorologista Patrícia Gomes, na sexta-feira.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, revelou que está a acompanhar a situação meteorológica nos Açores e apelou à "serenidade e resiliência dos açorianos". Na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que se mantém em contacto, desde sexta-feira, com o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, e que confia "nas medidas preventivas desenvolvidas pelas autoridades do arquipélago".

Em 2017, o furacão Ophelia passou em Outubro pelos Açoressem que se registassem feridos nem consequências graves. “Como passou mais ao lado das ilhas não afectou tanto”, explica a meteorologista Vanda Costa, referindo que o furacão era “muito mais gravoso” do que a tempestade tropical Helene e que esta tempestade não deverá representar tanto perigo pela sua menor intensidade – mesmo atingindo directamente as ilhas.

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