Secretário-geral do PSD obrigado a garantir que direcção “está globalmente coesa”

Em comunicado, José Silvano diz que foi a direcção que propôs a Rui Rio passar a ideia da taxação diferenciada no IRS das mais-valias com os imóveis para uma proposta concreta a debater no Orçamento de Estado para 2019.

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José Silvano, à direita, é o secretário-geral do PSD. Paulo Pimenta

Depois de Rui Rio ter negado, ao fim da manhã, a existência de quaisquer divisões dentro da direcção do PSD, o secretário-geral José Silvano sentiu-se obrigado a esclarecer em comunicado que a direcção nacional do partido “está globalmente coesa” e que “concorda com o objectivo político” de combater a especulação imobiliária.

Na nota divulgada ao início da noite, José Silvano especifica que a direcção “compreendeu exactamente a ideia transmitida” por Rui Rio sobre a forma como entende que devem ser taxadas as transacções de imóveis, distinguindo-se, em sede de IRS, as situações em que os proprietários os mantêm por mais ou menos tempo na sua posse. E vinca que não faz sentido que o PSD não possa ter um “objectivo político” sobre uma matéria só porque outro partido – e em especial um com ideologia tão diferente, deveria querer dizer José Silvano – também o tem.

Silvano conta que foi mesmo a direcção do partido que propôs a Rui Rio que se transformasse em proposta para o Orçamento do Estado a sua ideia sobre a taxação diferenciada, em sede de IRS, das mais-valias obtidas com a venda de imóveis consoante os proprietários os mantivessem mais ou menos tempo na sua posse - o que já lhe valeu a alcunha de "taxa Rui Rio".

O que deixou alguns elementos da equipa de Rui Rio perplexos foi o facto de o presidente ter elogiado a chamada "taxa Robles" ao dizer que não lhe parecia uma ideia "assim tão disparatada", como noticiaram o PÚBLICO e o Expresso

“Posso reconhecer o mérito de apresentar uma medida para combater a especulação. Não posso dar mérito ou demérito a uma proposta em função de quem a apresenta. O tema que eles pretendem resolver é um tema sério da sociedade. Se calhar querem resolvê-la de forma distinta do que nós queremos. Se quiserem criar uma taxa extra, discordamos”, argumentara Rui Rio na quarta-feira à entrada para a reunião da comissão política do partido que se realizou nas Caldas da Rainha.

Isto depois de, aos microfones da TSF ter convidado, desta vez de forma mais ostensiva, os seus críticos a saírem do PSD. “Aqueles que discordam, de forma estrutural, é mais coerente sair”, vincou.

No comunicado, José Silvano conta agora que "praticamente a totalidade dos membros da comissão política nacional" ficou de tal modo indignada com as notícias que têm dado conta do desconforto interno que lhe transmitiu, "por escrito, o mais vivo repúdio, não só pela falsa ideia de divisão que estão a tentar criar na opinião pública, mas também pelo desgosto de verificar que a notícia que originou toda esta desinformação, tenha tido, necessariamente, a colaboração directa de alguém que, tendo estado presente, não se coibiu de usar um jornalista para a prossecução de pequeninos objectivos de guerrilha partidária". Uma descrição que revela que este episódio poderá ser uma espécie de início de caça às bruxas no PSD. 

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