Proprietários apoiam sugestão de Rio sobre taxa de IRS diferenciada

Presidente do PSD admitiu que o partido proponha a diferenciação da taxa das mais-valias com a venda de imóveis, penalizando quem vende pouco tempo depois de comprar. Associação Nacional de Proprietários elogia a ideia para travar a especulação imobiliária.

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A criação de novas taxas para travar a especulação imobiliária está a criar conflitos entre a esquerda e Rui Rio foi o único a não criticar o Bloco nesta matéria. Nuno Ferreira Santos

O presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP), António Frias Marques, disse nesta quinta-feira que "subscreve completamente" a sugestão de Rui Rio sobre uma taxa de IRS diferenciada entre quem especula e quem retém imóveis.

O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu na quarta-feira à entrada para o Conselho Nacional, nas Caldas da Rainha, distrito de Leiria, que o partido pode apresentar na discussão orçamental uma proposta para que a taxa do IRS sobre mais-valias seja diferenciada em função do número de anos entre a compra e a venda de imóveis.

Defendendo a necessidade urgente de combater a especulação imobiliária, António Frias Marques considera que a proposta do PSD "é executável". "Lembro que a especulação imobiliária está a minar tudo o que é possibilidade de rendas acessíveis para a população em geral", afirma, acrescentando que "a partir do momento em que os bancos começaram há dois, três anos a não dar qualquer retribuição pelos depósitos a prazo e pelas aplicações financeiras todas estas pessoas que tinham poupanças dirigiram-se para o imobiliário", com especial incidência em Lisboa e no Porto. "A partir daí passaram a especular os preços e só há uma maneira que é tornar a matéria-prima rara."

António Frias Marques lembrou que por exemplo o Parque das Nações, Lapa e Chiado, em Lisboa e na Baixa do Porto são zonas definidas pelos especuladores, que na sua maioria nem são portugueses.

"Não há dúvida que tem de se pôr um travão nisso e principalmente na possibilidade de os estrangeiros fazerem aqui aplicações. Enquanto o mercado for liberalizado como é agora estamos na mão deles e vai acabar mal, a bolha vai rebentar e sabemos por experiência anterior que quem vai pagar é o cidadão comum. Por isso, subscrevemos a sugestão do Dr. Rui Rio, completamente", diz.

Pelo contrário, a associação que representa as empresas de compra e venda de imóveis já veio criticar a criação ou agravamento de taxas relacionadas com o negócio, dizendo mesmo que a "selvajaria" na habitação não se combate com uma taxa como a proposta pelo Bloco de criar uma taxa especial para penalizar a rotação de compra e venda de casas.

Na quarta-feira e quando questionado se o PSD irá apresentar uma iniciativa legislativa sobre a matéria, Rui Rio concretizou: "Face ao que surgiu, o PSD, em sede de Orçamento do Estado, acho que faz muito sentido apresentar uma proposta que materialize isto: que aqueles que andam a provocar preços especulativos paguem um imposto superior àqueles que não o fazem", disse, referindo que, em França, quem "retém imóveis" durante décadas nem sequer paga qualquer imposto sobre as mais-valias.

Segundo esta ideia do presidente do PSD, "quem vende uma casa ao fim de dez anos teria uma taxa, quem vende ao fim de 20 ou 30 anos se calhar não pagaria nada, e quem anda a comprar e vender pagaria bastante porque anda a inflacionar o preço do mercado". Rui Rio salientou estar a falar de diferenciar a taxa do IRS já existente sobre mais-valias e não "de uma nova taxa".

Na terça-feira, Rui Rio já tinha dito que não rejeitava "liminarmente" a taxa especial proposta pelo Bloco de Esquerda em relação a negócios no sector do imobiliário, considerando que "não é assim uma coisa tão disparatada".

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