Musgo é um casaco português que brilha no escuro e quer salvar vidas

Um casaco made in Portugal que se ilumina no escuro e quer salvar vidas: Musgo é um projecto de uma startup do Porto, à procura de financiamento através de uma campanha de crowdfunding.

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MUSGO é o casaco totalmente português que quer diminuir as fatalidades entre os peões VIME

É um casaco, mas não é um casaco qualquer. Há vários anos que Filipe Magalhães, engenheiro electrotécnico e de computadores, reflectia sobre as vantagens de inserir iluminação em vários objectos quotidianos. Pensou em várias hipóteses e percebeu que a sua ideia, mais do que uma oportunidade de negócio, podia ajudar a salvar vidas. 

Os dados da National  Highway  Traffic  Safety  Administration (NHTSA), dos Estados Unidos, foram o principal catalisador. Em média, em 2016, só em acidentes de trânsito, um peão morreu a cada hora e meia — e 75% das fatalidades ocorreram no escuro. “Era gritante e urgente a aplicação de luzes em casacos outdoor, mais do que em qualquer outro objecto”, defende Filipe, de 34 anos. Foi esta a motivação para se juntar a cinco amigos e fundar a Vime — uma startup tecnológica com sede no Porto — da qual é, actualmente, o director científico e tecnológico. Quase dois anos depois, a Vime associou-se às também portuguesas Scoop e Lapa e o projecto que foi a base de tudo chegou finalmente ao mercado: Musgo é um casaco de produção 100% portuguesa que quer revolucionar a segurança de quem anda na estrada.

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Mas, afinal, o que tem este casaco de especial? O mais importante, garante Filipe, é a tecnologia associada. “Mais do que colocar LED, colocamos fibra óptica através de um sistema de iluminação inteligente controlado pelo telemóvel”, explica. Assim, o casaco é conectado a um smartphone através de Bluetooth e recorre aos sensores do telemóvel para analisar os movimentos do utilizador. Se o utilizador fizer uma travagem brusca, o telemóvel detecta-o e automaticamente o casaco muda de cor, alertando os condutores. A iluminação também poderá ser personalizada nas cores e na intermitência através da aplicação para smartphone. E como a segurança é o principal desígnio, Filipe faz questão de frisar que o casaco também está preparado para as radiações do telemóvel. “O casaco tem um bolso que isola o corpo da radiação emitida pelo telefone”, revela.

O design foi também uma das preocupações. “O material é de altíssima qualidade, o que protege o corpo de odores, da radiação ultravioleta e evita as irritações provocadas pelo suor.” E não se desgasta facilmente: pode ser lavado mais de 100 vezes sem afectar a forma. Seca ainda mais depressa do que o algodão e bastante mais rápido do que outros materiais habitualmente usados no vestuário desportivo. "Foi tudo pensado para actividades físicas extremas em todas as condições meteorológicas." Além de leve e resistente à água, tem uma “cauda rebatível” para evitar salpicos de sujidade e bandas de silicone nos ombros para aumentar a aderência a mochilas. Para regular a temperatura corporal, foram incorporados bolsos ventilados com fechos bidireccionais e um painel respirável cortado a laser. 

O engenheiro realça ainda a importância de o casaco ser produzido com materiais reciclados: "O Musgo é produzido com carvão e cascas de coco recicladas porque a protecção ambiental sempre foi um dos pilares da nossa actividade.”

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Até 7 de Outubro, está a decorrer uma campanha de crowdfunding para financiar o projecto. Durante os próximos 30 dias, o casaco vai estar disponível na plataforma online Indiegogo por 287 dólares (cerca de 250 euros) e é possível contribuir a partir de 10 dólares (8,5 euros). Depois, e dependendo dos objectivos atingidos, poderá ser colocado à venda, inicialmente apenas online, por cerca de 520 euros.

Apesar desta peça de vestuário se destinar a todos os que andam pela estrada, Filipe assume que o preço do casaco fará com o que o produto se destine principalmente a praticantes de desporto exterior. “Temos a noção do preço elevado neste primeiro tempo de comercialização, pelo que esperamos sobretudo vender a caminheiros, ciclistas, corredores de montanha e a todo o tipo de desportistas outdoor.” E é esperado que ilumine estradas de todo o mundo, desde o Canadá ao Reino Unido, Holanda, Alemanha, Áustria, Polónia, Bélgica, Noruega, Suécia. Países "onde as horas de sol são reduzidas e, por isso, há uma maior procura deste tipo de soluções”.

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