Rui Rio diz que os partidos estão descredibilizados e defende nova militância

Presidente do PSD apresentou, na Maia, o Conselho Estratégico Nacional e apelou aos militantes e eleitos que estejam activos em todos os concelhos para que consigam, nas autárquicas de 2021, recuperar as câmaras e juntas de freguesia perdidas ao longo dos anos.

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"Temos de ter a criatividade de encontrar novas formas de militância e novas formas de participação na política", frisou Rui Rio. LUSA/NUNO VEIGA

O presidente do PSD, Rui Rio, considera que os partidos estão "profundamente descredibilizados" perante a opinião pública, e defende que é fundamental alterar a forma de militância sob o risco de o descrédito ser "ainda maior".

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O presidente do PSD, Rui Rio, considera que os partidos estão "profundamente descredibilizados" perante a opinião pública, e defende que é fundamental alterar a forma de militância sob o risco de o descrédito ser "ainda maior".

"Os partidos estão profundamente descredibilizados perante a opinião pública (...), acho que ela tem razão e não sabe muito bem como as coisas se passam - se soubesse ainda teria pior [opinião], temos de ter consciência disso", afirmou o social-democrata no encerramento da apresentação do Conselho Estratégico Nacional (CEN), na terça-feira à noite, na Maia, no distrito do Porto, onde chegou a ser anunciada a sua ausência devido a questões pessoais.

Tendo em conta esta avaliação negativa, o ex-autarca da Câmara Municipal do Porto referiu que os partidos têm de mudar a forma de militância ou "a cada ano o descrédito" será maior. "Temos de ter a criatividade de encontrar novas formas de militância e novas formas de participação na política", frisou.

Devido ao calendário eleitoral - com europeias em Maio e legislativas daqui a um ano -, a actual direcção nacional não tem o tempo de que precisa para pensar, fazer e discutir a transformação que se exige, admitiu Rio, acrescentando ter surgido a ideia de criar o CEN, organismo consultivo (para já informal) cujos objectivos assentam na elaboração de um programa eleitoral e na criação de um novo espaço de militância "com uma nobreza diferente" e onde os cidadãos podem militar em razão dos temas de que mais gostam.

"Se isto funcionar os outros [partidos] vão ter de copiar, não tem outro remédio", previu. O CEN permite que qualquer militante, simpatizante ou independente dê informações e ideias em diferentes áreas de intervenção.

Rio defendeu que este organismo é "absolutamente vital" para se conseguir um novo PSD, adiantou, explicando que um "novo partido não é outro PSD", mas sim um partido adaptado à nova sociedade. Também o vice-presidente do PSD, David Justino, defendeu que "todas as contribuições" são fundamentais para o partido. O ex-ministro da Educação vincou que o PSD está mobilizado, sendo o CEN um órgão que agrega grupos de trabalho que trabalham para "ganhar as três eleições".

Com os olhos já postos nas autárquicas de 2021

Mas se David Justino só estava a referir-se às do próximo ano - em que há também regionais na Madeira -, Rui Rio já olha mais para a frente, lá para 2021. E defendeu que as próximas autárquicas são "importantíssimas" para a "real implantação estrutural do partido" no terreno, lembrando que desde 2005 o PSD tem "vindo a cair" nestas eleições.

Mas, para isso, o PSD tem, a partir de agora, de estar "activo concelho a concelho" no que concerne à actividade autárquica, particularmente onde é oposição. "Passou-se um ano desde as últimas eleições autárquicas, portanto, faltam três anos para as próximas. Não é grave que durante o primeiro ano as coisas não tenham grande dinâmica, mas já é grave se, a partir de agora, o partido não estiver activo concelho a concelho", frisou.

Neste sentido, Rui Rio pediu às distritais e às concelhias para traçarem uma "estratégia de acompanhamento" da actividade municipal porque o PSD "tem vindo sempre a cair" nas autárquicas desde 2005 até 2017. E estas eleições são a "verdadeira implantação do partido no terreno", realçou o ex-autarca da Câmara do Porto. Se um partido estiver "fortemente implantado" nas câmaras e juntas de freguesia está "onde é mais importante" estar, argumentou. E vincou que "tudo aquilo que o partido foi perdendo", ao longo destes anos, vai ter agora de o recuperar.

Rio afirmou "não saber" se vai estar na liderança do partido aquando das próximas autárquicas, mas adiantou que se estiver não vai "fazer demagogia", nem andar com "conversas fiadas" porque a vitória tem de se construir fazendo oposição, salientou. E é o acompanhamento da actividade municipal que permite ao PSD ter "a aspiração" de chegar a 2021 com mais câmaras do que as que actualmente tem. "Se continuarmos a fazer como fizemos muitas vezes, de não ligarmos às coisas, será muito difícil", avisou. Além das autárquicas, Rui Rio mostrou ainda a ambição de conquistar as europeias e legislativas.