PSD preocupado com “nebulosidade” criada pelo Governo à volta de Tancos

Sociais-democratas agastados por o executivo defender que caso de roubo em Tancos “não é grave”. MP não confirma resultados da investigação para breve. Ministro da Defesa volta a ser ouvido sobre o assunto no Parlamento nesta quarta-feira.

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O roubo de armamento militar no Paiol Nacional de Tancos, detectado a 28 de Junho do ano passado, voltou à actualidade política pela mão de Rui Rio. No domingo e ontem, o presidente do PSD criticou a demora de resultados na investigação do Ministério Público (MP). Segundo Ângelo Correia, que tem a “pasta” da Defesa no Conselho Estratégico Nacional do partido, o que preocupa os sociais-democratas é “a esfera de nebulosidade criada pelo Governo” nesta matéria.

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O roubo de armamento militar no Paiol Nacional de Tancos, detectado a 28 de Junho do ano passado, voltou à actualidade política pela mão de Rui Rio. No domingo e ontem, o presidente do PSD criticou a demora de resultados na investigação do Ministério Público (MP). Segundo Ângelo Correia, que tem a “pasta” da Defesa no Conselho Estratégico Nacional do partido, o que preocupa os sociais-democratas é “a esfera de nebulosidade criada pelo Governo” nesta matéria.

“Para o Governo, o que aconteceu em Tancos não é grave, nem do ponto de vista administrativo, nem político, e por isso não sabemos o que esperar e isso preocupa-nos”, disse ao PÚBLICO Ângelo Correia. Ao PSD, acrescenta, “resta apelar para que a investigação do MP avance, que é o que tem pedido, porque do ponto de vista político já foi feito o que tinha de ser feito”. Por isso, Ângelo Correia, não vê que iniciativa política pudesse ser desenvolvida agora pelo PSD, “uma vez que do ponto de vista da justiça as coisas estão nas mãos do MP e do ponto de vista disciplinar as competências estão nas mãos do Exército”.

No domingo, no encerramento da Universidade de Verão do PSD, Rui Rio trouxe o roubo de armas em Tacos novamente para a frente política criticando, com palavras duras, a demora do MP em apresentar resultados, o que lhe valeu uma resposta do ministro da Defesa e do primeiro-ministro.

Na segunda-feira, o Presidente da República, questionado pelos jornalistas, também voltou ao caso, afirmando ter "uma forte esperança" de que as conclusões da investigação criminal sobre o desaparecimento de material militar de Tancos sejam conhecidas dentro "de dias ou de semanas - e não de meses".

"Aquilo que eu vi ontem [segunda-feira] nas declarações do Presidente da República é que ele está convicto de que, não se podendo arrastar, o resultado da investigação jurídica também está próximo para sair, o que é bom para o país e para a clarificação desta situação", disse ontem Rui Rio.

"Estamos, penso eu, na ponta final da investigação criminal. E essa investigação criminal irá apurar, certamente, factos e eventuais responsáveis. E eu hoje tenho uma forte esperança que seja uma questão de dias ou de semanas, e não de meses, portanto, que estejamos mesmo muito próximos do conhecimento das conclusões da investigação criminal", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

Só que, entretanto, o MP não confirmou que esteja para breve o fim da investigação sobre o furto de Tancos. “O processo encontra-se em investigação e está em segredo de justiça. As investigações em curso têm como objecto apurar todas as circunstâncias que rodearam o desaparecimento e achamento das armas de Tancos, bem como eventuais responsabilidades”, lê-se nota enviada pelo MP à Rádio Renascença.

Tancos volta nesta quarta-feira ao debate político, já que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, será ouvido na Comissão de Defesa da Assembleia da República, a pedido do CDS, para esclarecimentos sobre a matéria.