PSOE exige demissão do líder da oposição por causa de irregularidades no mestrado

Os socialistas dizem que Pablo Casado deve seguir o exemplo da ministra da Saúde, que se demitiu na véspera por causa de um caso semelhante.

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Há suspeitas de que o mestrado do líder do PP foi obtido de forma ilegal Juan Carlos Hidalgo/EPA

O Partido Socialista espanhol (PSOE) exigiu a demissão do líder do Partido Popular (conservador), Pablo Casado, por causa das suspeitas sobre a obtenção do seu mestrado, um dia depois de uma ministra socialista ter apresentado a demissão na sequência de um caso semelhante.

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O Partido Socialista espanhol (PSOE) exigiu a demissão do líder do Partido Popular (conservador), Pablo Casado, por causa das suspeitas sobre a obtenção do seu mestrado, um dia depois de uma ministra socialista ter apresentado a demissão na sequência de um caso semelhante.

A sessão no Congresso dos Deputados desta quarta-feira ficou marcada pelos casos que envolvem dirigentes políticos envolvidos em suspeitas de irregularidades nos seus percursos académicos. Sobre Casado pendem suspeitas de que o mestrado em Direito que obteve na Universidade Rei Juan Carlos terá sido uma oferta por parte do director do curso – um “hábito” que o responsável reservava para alguns alunos em cargos relevantes na política.

No mês passado, as suspeitas ganharam dimensão suficiente para que o caso fosse levado ao Supremo Tribunal, o único que pode julgar detentores de imunidade judicial, como os deputados. A Juan Carlos é a mesma universidade envolvida no caso da ex-presidente da Comunidade de Madrid, Cristina Cifuentes, que acabou por se demitir, embora não por este motivo.

Esta quarta-feira, a porta-voz da bancada socialista, Adriana Lastra, exigiu directamente a demissão do líder da oposição, usando o exemplo da ministra da Saúde, Carmen Montón, que abandonou o Governo na véspera. “A exigência ética na nossa democracia ficou demonstrada com a demissão de Carmen Montón. Esse é o caminho que se deve seguir”, declarou Lastra.

Montón já estava no centro de suspeitas sobre a obtenção do mestrado também na Universidade Rei Juan Carlos, mas a revelação, na terça-feira, de que o canal La Sexta se preparava para divulgar uma investigação com provas de que a ministra plagiou a sua tese precipitou a sua demissão.

Sánchez na mira de Rivera

Mas o tema das irregularidades nos graus académicos dos políticos espanhóis teve outros alvos durante o debate no Congresso. O Cidadãos, de direita, lançou um ataque particularmente violento ao chefe de Governo, Pedro Sánchez, sugerindo que poderá não ter sido ele o verdadeiro autor da tese com a qual obteve o doutoramento.

“Há dúvidas razoáveis a respeito da sua tese de doutoramento. Por que a esconde?”, questionou o líder do Cidadãos, Albert Rivera, durante a sessão de perguntas ao Executivo. O partido diz que a tese de Sánchez está ocultada e exige que seja disponibilizada publicamente.

Sánchez garantiu que o documento “está publicado de acordo com a legislação vigente” e o El País visitou a biblioteca da Universidade Camilo José Cela, perto de Madrid, onde confirmou ser possível consultar a versão física da tese do chefe do Governo. Por decisão do autor, não existe, no entanto, qualquer versão digital do trabalho.