Rússia e China juntas em manobras militares para assinalar cooperação crescente

Vão ser mobilizados mais de 300 mil militares russos para os exercícios no extremo oriente, que também vão envolver a Força Aérea e a Marinha. NATO enviou observadores.

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A Rússia iniciou esta terça-feira uma série de exercícios militares em conjunto com a China, perto das suas fronteiras orientais. Apesar de todos os anos as Forças Armadas russas realizarem manobras de grande envergadura numa das suas regiões militares, as deste ano são as de maior dimensão desde o fim da Guerra Fria.

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A Rússia iniciou esta terça-feira uma série de exercícios militares em conjunto com a China, perto das suas fronteiras orientais. Apesar de todos os anos as Forças Armadas russas realizarem manobras de grande envergadura numa das suas regiões militares, as deste ano são as de maior dimensão desde o fim da Guerra Fria.

As manobras mobilizam cerca de 300 mil tropas e dezenas de milhares de veículos terrestres, aeronaves e navios, que vão estar em exercícios durante a próxima semana. Ao Vostok 2018 (Leste, nome do distrito militar onde se realizam este ano os exercícios anuais) vão juntar-se ainda 3200 militares do Exército do Povo chinês, que também vai enviar tanques e caças. O Exército mongol também vai participar nas manobras na Rússia.

Não é a primeira vez que russos e chineses participam em exercícios militares conjuntos, mas nunca a uma escala tão ampla. Os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, estiveram juntos esta terça-feira em Vladivostok, no extremo oriente russo, para assinalar o seu início. Ambos reiteraram que a participação conjunta é prova do aprofundamento dos laços entre os dois países.

“Temos uma relação de confiança na esfera da política, segurança e defesa”, afirmou Putin ao lado de Xi. Apesar da crescente cooperação, as relações entre os dois vizinhos são conturbadas. Na Rússia há uma grande preocupação com a influência chinesa cada vez mais acentuada sobre as regiões fronteiriças. Porém, num cenário de crise nas relações diplomáticas com a União Europeia e os EUA, Moscovo encara a China como um parceiro natural.

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Mikhail Metzel/TASS / REUTERS

Os exercícios militares anuais russos são encarados sempre com alguma desconfiança por parte da NATO, especialmente nos últimos anos, marcados por uma degradação acelerada das relações entre a Aliança Atlântica e Moscovo. Porém, os exercícios deste ano contam com observadores enviados pela NATO, de acordo com a imprensa russa.

Por serem realizados no extremo oriente da Rússia, o Vostok causa menos preocupação entre os aliados ocidentais, especialmente quando comparados com os exercícios próximos da fronteira europeia – designados Zapad –, os últimos dos quais tiveram lugar há um ano.

Pela terra, mar e ar

As imagens reveladas pelo Ministério da Defesa russo mostram camiões militares transportados em comboios, colunas de tanques, veículos blindados e navios de batalha em movimento, helicópteros de combate e caças a levantar voo, descreve a Reuters.

Trata-se da primeira fase dos exercícios que decorrem até 17 de Setembro, de acordo com o ministério. Envolve ainda o envio de forças adicionais para o extremo oriente russo e a mobilização das frotas navais do Norte e do Pacífico.

O grande objectivo é verificar a prontidão das forças militares russas em cenários de movimentação ao longo de grandes distâncias, para testar a forma de cooperação entre as forças navais e a infantaria, e para aperfeiçoar os procedimentos de comando e controlo. As fases posteriores integram manobras em cenários defensivos e ofensivos.

O Governo de Moscovo assegurou que os exercícios não se vão aproximar das ilhas Curilas, reivindicadas pelo Japão desde o final da II Guerra Mundial.