Bolsonaro sobe nas sondagens mas continuaria a perder na segunda volta

Primeiro inquérito realizado após o atentado em Juiz de Fora não confirma a tese do voto de simpatia. Candidato de extrema-direita vence na primeira volta mas seria derrotado no segundo turno.

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Reuters/NACHO DOCE

O atentado contra Jair Bolsonaro não beneficiou significativamente o candidato de extrema-direita à presidência brasileira na mais recente pesquisa de intenções de voto. 

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O atentado contra Jair Bolsonaro não beneficiou significativamente o candidato de extrema-direita à presidência brasileira na mais recente pesquisa de intenções de voto. 

A sondagem da Datafolha para a TV Globo e o jornal Folha de São Paulo, feita na segunda-feira e divulgada durante a noite, coloca Bolsonaro à frente na primeira volta das eleições de Outubro, com 24% das intenções de voto, mas atrás em qualquer cenário de confronto no segundo turno. 

O candidato de extrema-direita subiu dois pontos percentuais desde a pesquisa anterior, feita a 21 de Agosto. O intervalo é equivalente à margem de erro de dois pontos da mais recente sondagem, a primeira após a tentativa de homicídio de que Bolsonaro foi alvo na cidade de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais.

Atrás de Bolsonaro surge Ciro Gomes (13%), seguido de Marina Silva (11%) e Geraldo Alckmin (10%), os três tecnicamente empatados.

Fernando Haddad, que deverá ser oficializado esta terça-feira como candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT), em substituição de Lula da Silva, que se encontra detido em Curitiba, não vai além de 9% das intenções de voto, surgindo no quinto lugar da lista de preferências. 

Haddad regista no entanto uma subida de cinco pontos percentuais em relação à anterior pesquisa, mais que duplicando o número de eleitores que ponderam votar no provável candidato do PT. É a maior subida nesta sondagem em termos relativos. Em sentido inverso, é Marina Silva a candidata que mais terreno perdeu desde Agosto.

O apoio a Haddad poderá crescer ainda com a oficialização da sua candidatura e a entrada em força da máquina de campanha do seu partido.

Ciro mais forte na segunda volta

Perante um cenário praticamente certo de uma segunda volta, segundo a Datafolha, existem duas certezas: Bolsonaro estará presente no boletim de voto, mas não deverá ser eleito Presidente. O candidato extremista perderia contra Marina Silva (43% contra 37%), Ciro Gomes (45% contra 35%) e Geraldo Alckmin (43% contra 34%).

Só perante Fernando Haddad é que as perspectivas de Bolsonaro se afiguram menos negativas para o ultraconservador: soma 38% das intenções de voto contra 39% em Haddad, colocando-se num cenário de empate técnico com o candidato do PT.

Ciro Gomes é o único candidato que vence em todos os cenários de segunda volta. Haddad, exceptuando o confronto com Bolsonaro, perderia sempre.

E em todos os cenários para o segundo turno, o voto branco ou nulo soma entre 17% a 25% das preferências. 

Bolsonaro é ainda objecto do maior índice de rejeição na sondagem da Datafolha: 43% recusam votar no candidato em qualquer cenário. Este valor subiu quatro pontos percentuais face ao anterior inquérito, o que está acima do crescimento das intenções de voto.

Marina Silva (29%), Geraldo Alckmin (24%) e Fernando Haddad (22%) são outros candidatos que suscitam apreciações negativas por parte de uma fatia considerável dos inquiridos.