Maradona: treinador no México, dirigente na Bielorrússia

Dois clubes separados por mais de 10 mil quilómetros vão ter em simultâneo Maradona como presidente honorário e treinador

Foto
Reuters/MARKO DJURICA

São mais de 10.000 quilómetros de distância. Mas o que é isso para alguém que muitos milhares de adeptos consideram o melhor futebolista de sempre? Diego Armando Maradona vai voltar ao activo como treinador, após ter sido escolhido para assumir o comando técnico do Dorados de Sinaloa. O problema é que não vai fazê-lo em exclusividade: o ícone do futebol argentino vai manter a ligação ao Dínamo Brest, clube bielorrusso que em Maio decidiu nomeá-lo para presidente e responsável por todo o futebol.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

São mais de 10.000 quilómetros de distância. Mas o que é isso para alguém que muitos milhares de adeptos consideram o melhor futebolista de sempre? Diego Armando Maradona vai voltar ao activo como treinador, após ter sido escolhido para assumir o comando técnico do Dorados de Sinaloa. O problema é que não vai fazê-lo em exclusividade: o ícone do futebol argentino vai manter a ligação ao Dínamo Brest, clube bielorrusso que em Maio decidiu nomeá-lo para presidente e responsável por todo o futebol.

Dificilmente haveria perfil mais adequado para ocupar o cargo de treinador de um clube que se chama Dorados do que alguém que foi apelidado de “Pibe de Oro”. Diego Maradona terá no México a terceira experiência enquanto técnico desde que deixou o comando da selecção argentina, na sequência do Campeonato do Mundo de 2010. Após passagens por emblemas dos Emirados Árabes Unidos (o último deles o Al-Fujairah, também no segundo escalão, e que deixou em Abril), o número 10 mais famoso do mundo retoma a actividade no futebol mexicano. A missão não será simples: o emblema mexicano encontra-se na antepenúltima posição, mas sonha com o regresso ao primeiro escalão, do qual se despediu em 2016.

Foi tudo muito rápido: passaram duas horas e 20 minutos entre o comunicado do Dorados a anunciar a cessação de funções de Francisco Ramírez Gámez, o anterior treinador do clube, e o anúncio da chegada de Maradona. “Considerado por muitos como o melhor futebolista de todos os tempos, Diego distinguiu-se enquanto jogador por liderar equipas de garra e luta para levá-las a conseguir êxitos que poucos acreditavam poder alcançar”, podia ler-se no comunicado.

O que o Dorados não dizia, mas o próprio Maradona veio depois esclarecer nas redes sociais, é que a dedicação do novo treinador do clube será parcial. “Quero confirmar a minha viagem, hoje [ontem], rumo ao México, para assumir a direcção técnica do clube Dorados. E que vou continuar a ser presidente honorário do Dínamo Brest. Estou feliz por assumir este novo desafio e por continuar ligado ao futebol, que é a minha vida”, escreveu “El Pibe” no Facebook.

Fundado em 2003 em Culiacán, cidade que até então não tinha qualquer referência futebolística, o Dorados conheceu o seu primeiro grande momento pouco tempo depois: aos 35 anos, Pep Guardiola escolheu o emblema mexicano para cumprir a derradeira etapa da sua carreira de futebolista. O actual treinador do Manchester City disputou o torneio Clausura em 2006, antes de dar por terminada a carreira – o Dorados terminaria na oitava posição da tabela geral, mas seria despromovido devido ao sistema de coeficientes, que faz uma ponderação dos pontos obtidos por cada clube nas temporadas anteriores.

Com três pontos somados em 18 possíveis no torneio Apertura do segundo escalão, o Dorados está no fundo da classificação. Maradona terá a tarefa de reerguer o clube – a sua estreia está marcada para o dia 15 de Setembro, com a recepção ao Cafetaleros de Tapachula.

Maradona tem pouco tempo para fazer mudanças drásticas na sua nova equipa, mas uma coisa será essencial: controlar as suas emoções. Quem não se recorda do alvoroço vivido por “El Pibe” enquanto assistia ao jogo da Argentina contra a Nigéria, na fase de grupos do Mundial 2018? Levou as mãos à cabeça quando os africanos fizeram o 1-1, exibiu o dedo do meio quando Rojo marcou o 2-1. Agora, na dupla qualidade de treinador de um clube e presidente honorário de outro, os olhos vão estar (ainda) mais postos nele.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos