Comic Con: a febre de sexta-feira à tarde em Algés

A quinta edição da convenção de cultura pop que este ano se mudou da Exponor, em Matosinhos, para o Passeio Marítimo de Algés começou quinta-feira e prolonga-se até este domingo.

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Andreia Patriarca
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Depois de se passar um ringue de boxe a anunciar Creed II, podia ver-se uma criança mascarada de Joker sentada a posar para fotografias num carro pós-apocalíptico a escassos metros de cabeçudos zombie alusivos a The Walking Dead. Ao pé, uma cadeira com um dragão de A Guerra dos Tronos, ou lutas de almofadas a promover o canal AMC. Pelo caminho, dava ainda para ver duas Harley Quinns acompanhadas por um Batman vestido para o deserto e várias criadas de The Handmaid's Tale

Este não é um cenário normal de sexta-feira à tarde em Algés; é algo que só acontece porque a Comic Con Portugal, a versão nacional da convenção de cultura pop que começou em San Diego, em 1970, se mudou este ano, na sua quinta edição, da Exponor, de Matosinhos, para aquela vila nos arredores de Lisboa. 

Famílias, cosplayers amadores e profissionais, fãs e pessoas pagas para promover produtos podiam ver-se pelo recinto, seja nos auditórios onde aconteciam conversas com influencers ou YouTubers, antestreias e previsões de filmes e séries, campeonatos de videojogos com relato ou painéis com convidados internacionais e nacionais, ou nas bancas de banda desenhada, livros, jogos, brinquedos, peças de colecção e tudo o que agrade a quem gosta de algo, um museu de videojogos em que se podia jogar Spectrum ou Atari ou uma exposição streampunk.

À hora de almoço, mostrou-se, com muito secretismo e controlo dos telemóveis, o primeiro episódio de The  Passage, uma série de vampiros – que são tratados como portadores de um vírus que poderá salvar a Humanidade – da FOX, que teve estreia na Comic Con original em Junho, e deverá chegar aos ecrãs de todo o mundo apenas no início do próximo ano.

Hollywood mais aberta às mulheres

Pouco depois, a actriz Dichen Lachman falou com os jornalistas sobre como a ficção científica tem atraído, ao longo dos anos, pessoas e criadores feministas, sejam homens ou mulheres. A conversa passou também sobre como os super-heróis estão mais diversos e atentos às mulheres, que, afirmou "são a maioria dos consumidores".

Sobre Hollywood estar agora mais aberta às mulheres e às minorias, a actriz referiu-se à experiência de ter assistido, com Maurissa Tancharoen (co-criadora de Agents of S.H.I.E.L.D., série na qual participou, e que, tal como ela, é de origem asiática), a Crazy Rich Asians, a comédia romântica que é dos maiores fenómenos de bilheteira do ano na América, mas não tem ainda estreia marcada para Portugal. E reforçou o quão positivo é ver que a definição de "diversidade" inclui agora pessoas asiáticas.

Nicholas Hoult, que é o Fera dos X-Men no cinema e, nos últimos anos, também se tem especializado em papéis de figuras históricas, que vão de J.D. Salinger a Nikola Tesla, e que será J.R.R. Tolkien no vindouro Tolkien, de Dome Karukoski, falou com o PÚBLICO.

O actor, que apareceu em filmes como Um Homem Singular, vive dividido entre grandes e pequenas produções. O que o atrai em tudo é "a história, o realizador e a personagem", e não distingue entre os trabalhos que faz. A maior diferença é o tempo de rodagem. "Em algo como Mad Max: Estrada da Fúria, não consegues bater a sensação de estares sentado no teu carro e haver 50 ou cem outros veículos e receberes o sinal para arrancar os motores, ouvi-los e sentires a poeira e a experiência visceral de os pêlos se levantarem do braço. É uma experiência que nunca esperaste ter na vida e isso acontece nos filmes grandes. Nos pequenos, há mais tempo para relações mais pessoais."

Fogler, Depp e a atmosfera #MeToo

Dan Fogler, outros dos convidados, parece não ter botão de off. Tanto a falar aos jornalistas, quanto no painel conduzido pelo cómico Vasco Correia, que pediu desculpas por não falar bem inglês e começou a fazer piadas sobre Jorge Jesus e Ana Malhoa, explicando ao actor norte-americano quem eram. À saída, uma fã comentava com amigos: "Não percebo por que é que põem sempre pessoas que não sabem falar inglês a apresentar as coisas." Fogler, por sua vez, parece não ter concordado, salientado o "óptimo trabalho" do moderador.

O actor também não tem grande filtro: tanto diz mal da forma como Han Solo foi caracterizado em Solo (e goza com o apelido de Alden Ehreneich, o actor principal), como elogia Johnny Depp, que faz de Grindelwald em Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-losspin-off de Harry Potter ao qual Fogler também pertence. Menciona ainda as acusações de violência de que Depp foi alvo e que parecem ter já sido resolvidas. "Ainda há um certo fedor a rodear Depp, o que é perfeito para a personagem", explicou Fogler, acrescentando ainda que a sua experiência com o actor foi breve, que a equipa comentou bastante o facto de ele fazer parte do filme, mas que, no auge do momento #MeToo, Depp estava muito cuidadoso.

Fogler também falou da possível sequela de Fanboys, o filme de 2009 sobre um grupo de amigos que, em 1999, tenta ver o Episódio I de Star Wars antes da estreia. O #MeToo torna a sequela mais fácil, alega, agora que dois dos produtores, Harvey Weinstein e Kevin Spacey, que interferiam demasiado no processo criativo, foram afastados de Hollywood.

A Comic Con, que começou na quinta-feira, continua até este domingo, das 10 às 20h00, no Passeio Marítimo de Algés.

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