Procuradora de Nova Iorque intima "todas as dioceses" católicas em investigação a abusos

Medida pretende rever documentos que possam indicar como a Igreja Católica lidou com possíveis queixas.

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O Papa Francisco rezu pelas vítimas de abusos sexuais na Igreja durante uma visita à Irlanda do Norte STEFANO RELLANDINI/Reuters

A procuradora-geral de Nova Iorque, Barbara Underwood, intimou todas as dioceses católicas do estado como parte de uma investigação a abusos sexuais na Igreja, segundo disse uma fonte do sistema judicial à agência norte-americana Associated Press. 

No âmbito da investigação ao modo como a Igreja lidou com alegações de abusos sexuais, serão procurados nas oito dioceses documentos relacionados com acusações de abusos sexuais, pagamentos a possíveis vítimas ou conclusões de investigações internas da Igreja.

Responsáveis da instituição já reagiram. "A nossa diocese vai cooperar com qualquer investigação”, garantiu o porta-voz da diocese de Buffalo.

Ainda esta quinta-feira, a procuradora anunciou uma linha de apoio e um site onde é possível registar queixas de abusos.

“O grande júri da Pensilvânia desvendou acções incrivelmente perturbadoras e depravadas do clero católico, que uma cultura de segredo e encobrimento nas dioceses ajudou”, disse a procuradora num comunicado anunciando a linha.

“Em Nova Iorque, as vítimas também merecem ser ouvidas – e vamos fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para trazer a justiça que merecem.”

Há cerca de três semanas, o procurador-geral da Pensilvânia, Josh Shapiro, revelou as conclusões de um relatório sobre denúncias de abusos sexuais em seis das oito dioceses do estado.

Neste relatório foram identificadas mais de mil vítimas, que foram violadas e abusadas sexualmente de várias formas por mais de 300 padres nas seis dioceses investigadas, sendo o registo mais antigo de 1947. Na esmagadora maioria dos casos não será possível acusação criminal, porque prescreveram. Apenas dois são a excepção. 

Pouco depois da divulgação do relatório da Pensilvânia, o estado do Missouri foi o primeiro a anunciar publicamente uma investigação a potenciais abusos dentro da igreja na área de St. Louis, onde vivem mais de meio milhão de católicos.

Outros poderiam estar a fazê-lo sem divulgação, comentava o Washington Post, que na sequência da divulgação do relatório da Pensilvânia contactou os gabinetes de procuradores-gerais em 49 estados e em Washington perguntando se consideravam investigações semelhantes: a maioria disse que não podia comentar ou que os seus gabinetes não tinham autoridade para agir e investigar casos locais. Alguns, como Nova Iorque, estão a fazer parcerias com as procuradorias locais que têm este poder.

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