Buraco na Estação Espacial Internacional foi um acidente ou sabotagem?

Director da agência espacial russa diz que terá havido mão humana na fissura encontrada há uma semana numa nave acoplada à Estação Espacial Internacional.

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A Estação Espacial Internacional Reuters/NASA

Há cerca de uma semana, foi detectada uma quebra de pressão na cabine da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês) devido a uma fissura de dois milímetros na nave russa Soyuz, que está acoplada à ISS. Se na altura a causa apontada foi o impacto de um micrometeorito, agora essa hipótese já foi descartada. A agência espacial russa Roscosmos refere que, apesar de não descartar nenhuma hipótese, terá havido mão humana no sucedido e que pode até ter sido sabotagem.

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Há cerca de uma semana, foi detectada uma quebra de pressão na cabine da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês) devido a uma fissura de dois milímetros na nave russa Soyuz, que está acoplada à ISS. Se na altura a causa apontada foi o impacto de um micrometeorito, agora essa hipótese já foi descartada. A agência espacial russa Roscosmos refere que, apesar de não descartar nenhuma hipótese, terá havido mão humana no sucedido e que pode até ter sido sabotagem.

Para tapar a fissura, a equipa de astronautas na ISS começou por colocar uma fita adesiva resistente ao calor e usou depois um selante e gaze. O buraco ficou tapado, mas resta a questão: como foi feito? “Estamos a considerar todas as teorias. A que se refere ao impacto de um meteorito já foi descartada porque o impacto no casco da nave espacial foi feito a partir de dentro. Contudo, é demasiado cedo para dizer o que aconteceu mesmo”, disse Dmitry Rogozin, director-geral da Roscosmos à agência russa Tass.

“Estamos a estudar a versão [de um problema causado] em Terra. Mas também há outra versão que não descartamos, que é uma interferência deliberada no espaço”, referiu ainda, citado pelo jornal espanhol El Mundo, adiantando que houve “várias tentativas de perfuração” que parecem ter sido feitas por uma “mão hesitante”.

“De que se trata? De um defeito de fabrico ou de um acto premeditado?”, questionou, citado pela agência de notícias russa RIA Novosti. Segundo a mesma agência, já foi criada uma comissão para identificar os responsáveis pela fissura. Dmitry Rogozin adiantou que é essencial saber a razão do sucedido e prometeu apurar o nome do responsável, até porque considerou que “é uma questão de hora” para o fabricante da Soyuz.

Até agora, a agência espacial norte-americana NASA tem remetido todas as questões sobre o sucedido para a Roscosmos.

Mas há quem levante ainda outras hipóteses. Fonte da indústria espacial avançou à Tass que a fissura pode ter sido causada durante testes no cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão, depois de a nave ter já passado nas verificações iniciais. “Alguém cometeu um erro, ficou com medo e selou o buraco”, especulou essa fonte, acrescentando que o selante deve ter secado e caiu quando a Soyuz chegou à ISS.

Já para o antigo cosmonauta Maxim Surayev – que passou dois períodos na ISS –, a fissura pode ter sido feita por um astronauta “perturbado psicologicamente” e com vontade de voltar mais cedo para casa. “Somos todos humanos e qualquer um pode ter vontade de regressar a casa, mas este método é muito baixo”, disse, citado pelo jornal britânico The Guardian. “Se foi mesmo um cosmonauta a fazer este estranho golpe – o que não pode ser descartado – é realmente mau.”

Contudo, Alexander Zheleznyakov, antigo engenheiro da indústria espacial, disse à Tass que perfurar este buraco a gravidade zero nesta parte da nave espacial seria quase impossível.

Neste momento, há seis tripulantes a bordo da ISS a 400 quilómetros do nosso planeta: os astronautas da NASA, Drew Feustel, Ricky Arnold e Serena Auñón-Chanceler; o astronauta da Agência Espacial Europeia, Alexander Gerst; e os dois cosmonautas russos Oleg Artemyev e Sergei Prokopyev.