Naomi Osaka não pára de se superar

Rafael Nadal chegou às meias-finais do Open dos EUA depois das duas da manhã.

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Naomi é a primeira japonesa a atingir as meias-finais de um major desde 1996 JOHN G. MABANGLO/EPA

Serena Williams, Victoria Azarenka, Caroline Wozniacki e Naomi Osaka têm uma pessoa em comum: Sascha Bajin. O alemão de 33 anos, que foi mais consultor espiritual do que o parceiro de treino de Serena, entre 2007 e 2015, aceitou em Dezembro um trabalho de treinador a tempo inteiro a convite de Osaka. E nem uma entorse ao fim de cinco minutos do primeiro treino impediu que desenvolvesse uma excelente química com a jogadora de 20 anos, então 68.ª do ranking e sem ter ganho mais do que dois encontros num Grand Slam. Hoje, Osaka é a 19.ª mundial, foi oitava-finalista no Open da Austrália, conquistou o primeiro título no WTA Tour em Indian Wells e é a primeira japonesa a atingir as meias-finais de um major desde 1996 e a mais jovem nesta fase do Open dos EUA desde 2010.

“Se trabalharmos com alguém durante um longo período de tempo pode se ser mais eficiente, conhecemo-nos melhor. É uma coisa íntima”, explicou Bajin, antes de revelar: “O mais bonito de trabalhar com Naomi é que não é preciso motivá-la tanto porque ela adora isto; adora trabalhar fisicamente, jogar ténis… não é preciso empurrá-la para o court. É mais abrandá-la e mantê-la com os pés na terra. Ela é muito perfeccionista e é muita dura com ela própria, mais do que devia, por isso tenho de ser o contraste.”

Fora do court, Osaka apresenta uma calma muito zen e um peculiar sentido de humor. Dentro de campo – inspirada pelos feitos do compatriota Kei Nishikori e pelas exibições da sua ídolo, Serena Williams – a japonesa continua tranquilamente a ultrapassar adversárias em Nova Iorque; na terceira ronda infligiu um 6-0, 6-0 a Aliaksandra Sasnovich (33.ª), mas não evitou as lágrimas quando derrotou Aryna Sabalenka (20.ª) para se estrear nos quartos-de-final de um Slam, um dos seus objectivos. Ontem, esteve particularmente eficaz para ultrapassar Lesia Tsurenko (36.ª), com um duplo 6-1, no terceiro encontro ganho neste torneio em menos de uma hora. “Estava a enlouquecer por dentro, o meu corpo a tremer, mas fiquei contente por jogar bem. Acho que estou um bocadinho mais madura”, admitiu Osaka.

A japonesa poderá defrontar Serena Williams (26.ª) na final, depois da norte-americana dominar Karolina Pliskova (8.ª), por 6-4, 6-3. O encontro que ficou decidido quando, a 2-4, Serena venceu 10 dos 13 jogos seguintes. Pliskova só reencontrou o seu ritmo na parte final, mas não aproveitou o 0-40, a 2-4. Na meia-final, a hexacampeã do Open vai jogar com a talentosa Anastasija Sevastova (18.ª).

A sessão nocturna de terça-feira prolongou-se para além das duas da manhã, graças à excelente exibição de Rafael Nadal e Dominic Thiem (9.º), num dos melhores encontros de sempre do Open dos EUA. Na reedição da final de Roland Garros, totalmente dominada pelo espanhol, Thiem entrou a disparar winners e infligiu um 6-0 ao líder do ranking, que não perdia um set por estes números no Grand Slam desde 2015 (Tomas Berdych na Austrália). A defrontar em Nova Iorque o primeiro adversário do top 20 desde 2013, Nadal soube reagir e venceu o segundo set, apesar de sofrer um break quando servia a 5-3.

A qualidade exibicional de Thiem não desceu, mas não fechou o terceiro set, quando serviu a 5-3, e o espanhol, com uma série de quatro jogos consecutivos passou para a frente. O austríaco foi novamente o primeiro a breakar na quarta partida, mas Nadal igualou a 4-4 e, a 6-5 (30-30), falhou incrivelmente um vólei que lhe daria um match-point. No tie-break, Thiem foi o mais consistente diante de um adversário ainda a digerir a oportunidade desperdiçada.

Mais experiente, Nadal foi o único a dispor de break-points (cinco) no último set, mas Thiem teve sempre energia e determinação para os anular, em especial, quando, a 5-5. recuperou de 0-40. Mas a consistência do espanhol imperou no tie-break decisivo e, ao fim de quatro horas e 49 minutos, só teve energias para levantar os braços e festejar a vitória, por 0-6, 6-4, 7-5, 6-7 (4/7) e 7-6 (7/5).

Nas meias-finais, Nadal defronta Juan Martin del Potro (3.º), que eliminou John Isner (11.º), por 6-7 (5/7), 6-3, 7-6 (7/4) e 6-2.

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