Dinamarca improvisa selecção para evitar multas

Diferendo entre Federação e futebolistas motivou recusa em bloco. Jogadores dos escalões secundários e de futsal chamados

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Christian Eriksen, uma das principais figuras da Dinamarca, está entre os jogadores que se recusaram a ir à selecção LUSA/AIDAN CRAWLEY

Era uma vez uma selecção que, dois meses depois de ter chegado aos oitavos-de-final no Campeonato do Mundo, teve de socorrer-se de futebolistas dos escalões secundários e jogadores de futsal para conseguir apresentar uma equipa num encontro particular. Não é uma anedota: a situação descrita na frase anterior está a ser vivida pela Dinamarca, a mesma selecção que tem no currículo um título europeu conquistado no Euro 1992.

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Era uma vez uma selecção que, dois meses depois de ter chegado aos oitavos-de-final no Campeonato do Mundo, teve de socorrer-se de futebolistas dos escalões secundários e jogadores de futsal para conseguir apresentar uma equipa num encontro particular. Não é uma anedota: a situação descrita na frase anterior está a ser vivida pela Dinamarca, a mesma selecção que tem no currículo um título europeu conquistado no Euro 1992.

Na mais recente actualização do ranking da FIFA, a Dinamarca surge na nona posição, ex aequo com a Espanha, mas o “onze” que na quarta-feira entrará em campo em Trnava, num particular frente à Eslováquia, não será minimamente representativo dessa posição na hierarquia. Tudo por causa de um conflito que opõe o sindicato dos jogadores à Federação Dinamarquesa de Futebol (DBU, na sigla original) e que se arrasta há vários meses. Em causa está a falta de entendimento nas negociações sobre o direito de os futebolistas poderem celebrar contratos individuais de patrocínio com empresas que competem directamente com os actuais patrocinadores da selecção – a marca de equipamentos desportivos Hummel, a cervejeira Carlsberg, e a casa de apostas Oddset – mas também divergências em relação às condições para a selecção viajar.

“Estamos numa situação profundamente lamentável”, admitiu o director executivo da DBU, Claus Bretton-Meyer. “Desde Janeiro a DBU realizou 26 reuniões de negociação, das quais 15 últimas reuniões no mês passado”, explicava o organismo federativo dinamarquês, mostrando disponibilidade para investir em melhores condições de alojamento e viagem para a selecção e também novas instalações de treino. Mas os jogadores têm outra versão. "A federação conta uma história na qual parecemos ser gananciosos e dá a entender que não pensamos em mais nada a não ser em dinheiro", disse Christian Eriksen, futebolista do Tottenham e uma das principais figuras da Dinamarca, ao Ekstra Bladet.

Com as recusas dos jogadores a acumularem-se e sem fumo branco nas negociações, a DBU decidiu reunir a equipa possível, que segundo a comunicação social dinamarquesa incluirá jogadores de futsal e futebolistas dos escalões secundários, para disputar o particular com a Eslováquia e o jogo do próximo domingo com o País de Gales, a contar para a Liga das Nações – e, assim, evitar “milhões de multas e possível exclusão da selecção por vários anos”. A falta de comparência implicaria uma sanção por parte da UEFA, que no limite poderia ditar a exclusão da Dinamarca do Euro 2020 e do Mundial 2022.

John “Faxe” Jensen, ex-internacional dinamarquês que integrou a selecção campeã em 1992, orientará a equipa improvisada (a DBU preferiu não impor ao seleccionador Age Hareide uma equipa que o técnico não escolheu). “Todos perdem neste conflito, e o futebol dinamarquês perde mais do que tudo”, afirmou “Faxe”, acrescentando: “Espero que a minha contribuição possa ajudar a mitigar as consequências negativas. Disse sim para ajudar e porque acho que o mais importante é que os jogos sejam disputados, ponto afinal.” com agências