A saudável saída de Santana Lopes do PSD

Certamente o PSD só terá a ganhar com essa opção, pois os seus votantes e partidários terão a oportunidade de ver fora de suas lides alguns nomes que vinham envergonhando a sigla.

Ao apresentar as linhas de seu novo partido político, Santana Lopes demonstra que continua com o seu posicionamento liberal e de promoção de incentivos à livre iniciativa, que, embora um tanto quanto distante dos princípios da ideologia social-democrata, acabou por conquistar os apoios necessários do PSD que o levaram à direção do partido, quando da partida da Durão Barroso para a aventura europeia.

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Ao apresentar as linhas de seu novo partido político, Santana Lopes demonstra que continua com o seu posicionamento liberal e de promoção de incentivos à livre iniciativa, que, embora um tanto quanto distante dos princípios da ideologia social-democrata, acabou por conquistar os apoios necessários do PSD que o levaram à direção do partido, quando da partida da Durão Barroso para a aventura europeia.

Nessa e em outras tantas oportunidades, Santana Lopes, soube conduzir, com sua eloquência e firmeza de suas manifestações, os ouvintes a se convencerem da veracidade e da oportunidade de suas palavras, convencendo-os da certeza que o apoiando estariam trilhando o caminho mais adequado. Resta-nos observar a condução do “eleito” quando investido do poder outorgado: um exemplo de desorientação, de cumprimento do que disse e do que o fez obter os apoios políticos, transformando grande parte dos que o seguiram em críticos às suas ações ou omissões, levando-os a uma profunda decepção.

Convivi com Santana Lopes e aprendi a admirá-lo pela sua postura verbal e inteligente. No entanto, ao estar com ele na Assembleia da República, pude identificar a vontade que ele não conseguia esconder, de tentar chegar à cúpula do poder a qualquer modo. Pude perceber, em suas atitudes, uma certa inveja dos companheiros de legenda que estavam a conseguir postos de respeito e de comando do PSD e, quando se lhe ofereceu a oportunidade da direção do governo do país, diante do afastamento de Durão Barroso, para assumir a presidência da Comissão Europeia, ele, em momento e pronunciamento histórico na convenção especial do PSD para apreciar o desejo de Durão Barroso e a sua candidatura, prometeu, se recebesse o “sim” de seus correligionários, um governo de absoluta continuidade e identidade ao excelente governo que Durão Barroso tinha conseguido implementar. 

Mencionou que iria manter, além da política em dinamização, a maioria absoluta dos nomes dos investidos nos principais cargos de direção. Nada mais inverídico: tão logo empossado, passou a adotar ações diferenciadas e a substituir grande parte de seus colaboradores no primeiro e segundo escalões da malha governamental, deixando uma imagem totalmente distorcida e contraditória do anterior governo. 

Eu, que sempre tive uma visão crítica aguçada, pude logo perceber e mencionei, reservadamente, a minha frustração com tal política e os constantes atrasos nas reuniões que ele marcava com o grupo parlamentar, quase sempre em mais de uma hora do previamente marcado. O resultado do desastroso governo logo se viu, com a derrubada (embora injusta e politicamente contestável) que o Presidente Jorge Sampaio nos impôs, amparado pela distorção administrativa implantada pelo novo primeiro-ministro. Isto nos custou muito caro e foi prejudicial, não só politicamente, como também economicamente, diante da eleição de José Sócrates para o governo da nação e ainda estamos sendo penalizados severamente até os dias atuais.

Novamente, o grande Santana Lopes voltou à evidência, pleiteando mais uma vez, o comando do PSD e, por conseguinte, a possibilidade de ser novamente o primeiro -ministro da nação portuguesa. Ao ser derrotado por Rui Rio, em eleição que mostrou a coerência dos social-democratas para implementação de uma política realmente válida para os destinos do país, ao invés, de se juntar a esse esforço, o ora derrotado, mais uma vez, demonstrando que o seu interesse pessoal está acima dos interesses nacionais e que não tem qualquer respeito pelos seus correligionários, põe-se a criticar a nova direção do PSD e, ao ser confrontado com justas manifestações de repúdio pela sua falta de lealdade partidária, resolve desligar-se e anunciar a fundação de um novo partido

Certamente o PSD só terá a ganhar com essa opção, pois os seus votantes e partidários terão a oportunidade de ver fora de suas lides alguns nomes que vinham envergonhando a sigla e permitindo uma limpeza nominal que irá, sem sombra de dúvida, valorizar e ampliar a popularidade dos social-democratas.