EUA cancelam ajuda militar de 258 milhões de euros ao Paquistão

Washington jusfica decisão com a falta de "acções decisivas" do Governo paquistanês para acabar com grupos terroristas que fazem a guerra no vizinho Afeganistão.

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Soldado de guarda no posto de Kitton, na fronteira com o Afeganistão CAREN FIROUZ/Reuters

O exército norte-americano anunciou que vai cancelar uma ajuda militar no valor de 258 milhões de euros (300 milhões de dólares) ao Paquistão, devido à falta de "acções decisivas" na luta contra terroristas e combatentes no Sul da Ásia.

A Administração de Donald Trump acusa Islamabad de não se esforçar o suficiente para eliminar os grupos que mantém a instabilidade no vizinho Afeganistão, mantendo este país em estado de guerra, e impossibilitando a saída do dispositivo militar norte-americano, 17 anos depois da invasão dos EUA, quando era governado pelos taliban e dava refúgio a Osama Bin Laden, o mandante dos atentados de 11 de Setembro de 2001 em território norte-americano

"Devido à falta de acções decisivas do Paquistão no apoio à estratégia [dos EUA] para o Sul da Ásia (...) o ministério da Defesa decidiu reprogramar 300 milhões de dólares (...) para prioridades mais urgentes", disse o tenente-coronel Kone Faulkner à AFP. 

Este dinheiro faz parte de um pacote financeiro de ajuda militar ao Paquistão que o Governo norte-americano tinha decidido congelar no início do ano. No total, já cerca de 800 milhões de dólares em ajuda militar foram já retirados a Islamabad pelo Congresso dos EUA, disse o coronel Faulkner à Reuters.

No seu primeiro tweet do ano, Trump escreveu: "Os Estados Unidos deram ingenuamente ao Paquistão mais de 33 mil milhões de dólares de ajuda nos últimos 15 anos e a única coisa que eles nos deram foram mentiras e trapaças, porque vêem os nossos líderes como tontos".

As autoridades norte-americanas acusam ainda as forças paquistanesas de "ignorar" ou mesmo "colaborar" com grupos terroristas que atacam no Afeganistão a partir de refúgios no Paquistão ao longo da fronteira entre os dois países. Especialistas na guerra do Afeganistão, citados pela agência Reuters, explicam que há zonas do território paquistanês que são utilizadas como refúgio por grupos ligados aos taliban para reagrupar e planear ataques letais.

O anúncio surge dias antes da visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, para se encontrar com o recém-eleito primeiro-ministro Imran Khan. Membros do Governo paquistanês dizem que a notícia lança o tom para uma reunião que se adivinha difícil entre os dois países. Como se estivesse a dizer: "Estejam preparados para uma conversa dura com Mike Pompeo”, diz um funcionário do Governo do Paquistão ao jornal Financial Times.

Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês, Khawaja Asif, sugeriu a Trump a contratação de uma empresa para auditar os 33 mil milhões de dólares de ajuda que Washington garante ter entregado a Islamabad, para ver quem "mente".

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