No Verão, Nina faz amigos todos os dias porque a dona é pet sitter

É uma alternativa aos hotéis para animais de estimação, com um “ambiente mais caseiro”. O pet sitting não é só para cães e gatos, possibilita “um tratamento personalizado” e pode ser um trabalho de Verão para os mais jovens. Inês tornou-se pet sitter em 2015 e, desde então, perdeu a conta a quantos animais já conheceu.

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Inês Carvalho e Nina, a "pug mais elegante de Braga". Paulo Pimenta

A conversa é com Inês Carvalho, mas a sua cadela, Nina, parece querer participar: ronca como quem atira respostas, não fosse ela “uma espécie de sombra” da dona. “A pug mais elegante de Braga”, descreve Inês, tem quatro anos. Acompanha a jovem bracarense, de 25, desde o início de um “projecto” nascido no Verão de 2015. Por isso, é bem provável que se esteja a falar da cadela mais sociável de Braga – é que Inês é pet sitter há três anos.

Antes de qualquer outro animal de estimação lhe ter entrado porta adentro, a jovem decidiu, primeiro, ser pet sitter dos que já lá estavam — os seus. “Quando comecei, treinei com os meus próprios animais, porque na altura estava a tirar uma formação em auxiliar veterinária”, explica. Fê-los “conviver com outros animais, para estudar comportamentos”; pouco depois nascia o Pet Sitting Braga, na sua própria casa. Em 2015, “não existia esta alternativa na cidade para aqueles que, nas férias, não conseguem levar o animal de estimação e não o querem deixar num hotel para animais”.

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Paulo Pimenta

Hoje, cuida dos animais dos outros e deixa-os andar livremente pela sua casa. No Verão, que é quando mais se dedica ao pet sitting, atinge a “lotação” (que a própria impõe) várias vezes. “No máximo, e ao mesmo tempo, cuido de seis animais. Ao longo do dia, esse número pode duplicar ou triplicar”, sintetiza. “Os meses mais fortes são Julho e Agosto” e aí pode ganhar “mais do que o normal”.

Para a Inês, a junção de Verão e pet sitting significa um rendimento extra; para os clientes, que vão deixando elogios na página do Facebook, “um alívio”. “O ambiente caseiro dá mais confiança do que uma jaula num hotel para animais de estimação”, justifica a pet sitter. De cada vez que um gato ou um cão desconfiado entra, pata ante pata, em sua casa, Inês tenta ser “uma segunda dona e uma auxiliar veterinária, fazendo um serviço mais personalizado”.

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Pet sitters aqui, ali e acolá

Se o P3 quisesse, por um dia, das 10h às 16h, deixar um cão de porte pequeno aos cuidados de Inês, quanto gastaria? “O preço para cães mais pequenos é de 10 euros, independentemente das horas que ficar.” Acresce “a alimentação, que fica a cargo do cliente, porque pode haver restrições”; para além disso, convém levar “um objecto com o cheiro do dono”. O preço varia também “de acordo com o número de dias e o número de animais que o cliente traz”, e se o serviço é feito em casa de Inês “ou ao domicílio, o que acontece muito com cães maiores”. 

Inês tornou-se pet sitter “antes do boom”, que diz ter sido benéfico para o “negócio”. Agora, não faltam opções em quase todo o território nacional. Uma pesquisa rápida em portais de anúncios e classificados conhecidos ajuda a explicar o “fenómeno”: há pet sitters espalhados por todo o país (ilhas incluídas). Em quase uma centena de anúncios, a sazonalidade do serviço denuncia-se, já que todos foram colocados online nos meses de Julho e Agosto.

Muitos dos anúncios têm uma frase (ou uma variação da mesma) em comum: “Adoro animais.” Basta gostar de animais para se ser um pet sitter? Para a Associação Zoófila Portuguesa, recomenda-se “formação em necessidades de bem-estar e cuidados com os animais”, que deve passar por tópicos mais rotineiros como a alimentação e a higiene, mas também pelo “reconhecimento de indicadores de dor ou doença”.

Inês aponta que “há condições mínimas de segurança e higiene a seguir”, definidas pela própria, mas a jovem já percebe da arte, não tivesse ela formação na área, para além de trabalhar numa loja de animais a part-time. Não há provas guardadas, mas recorda um truque que fez adormecer quatro cães irrequietos de uma só vez: “Decidi pôr música clássica e eles adormeceram em dez minutos.” Nina continua a roncar. Talvez seja preciso colocar o ambiente em Sol menor e ouvir As Quatro Estações de VivaldiL’Estate já está a rodar.

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