Rebolar no chão de casa para fazer arte para animais. São as Performances for Pets

Krõõt Juurak e Alex Bailey actuam para cães e gatos (ou porcos de estimação). Durante 20 minutos rebolam, escondem-se, ladram. Tudo para chamar a atenção dos animais de companhia, que "não percebem exactamente o que está a acontecer".

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Wynrich Zlomke?

Quando o público é composto por cães, o “vocabulário” das perfomances envolve “imitações de sons e gestos de vários animais”. Pelo menos é isso que acontece nas actuações de Krõõt Juurak e Alex Bailey, dois artistas estão habituados a serem lambidos pela audiência. Para os animais de companhia, garantem, o projecto Performances for Pets assemelha-se “a uma brincadeira ou um jogo em que eles não entendem as regras”.

Já os espéctaculos para gatos domésticos são mais calmos e silenciosos. Em vez de se aproximarem da audiência felina, o casal de artistas afasta-se deles lentamente, durante os 20 a 30 minutos que dura a actividade, normalmente no habitat natural do gato (isto é, a casa onde vive).

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Performances for Pets

“Um animal de companhia passa quase mais tempo a olhar para humanos do que para outros animais da própria espécie”, lê-se na descrição do projecto. “E têm muito tempo livre, factor que é importante para consumir conteúdos culturais.”

O que Alex e Krõõt fazem, em demonstrações privadas ou abertas ao público (de quatro patas), é “reflectir a linguagem corporal dos animais de volta para eles”. Contorcem-se, rastejam, gatinham, dão cambalhotas, escondem a cara, fingem-se de mortos. As actividades são mais demoradas para gatos do que para cães, já que os últimos têm “uma capacidade de atenção menor”, acreditam.

No que toca a “serem interessantes”, os animais de companhia “são superiores a nós de várias formas”, explicam, numa página de perguntas e respostas disponível no seu site. “Os animais têm entretido os humanos em circos e jardins zoológicos ou nas suas casas. Quisemos inverter os papéis e oferecer-lhes a posição de espectador.”

Os cães não precisam de estar treinados para assistir. Krõõt e Alex não actuam para animais “agressivos” ou "anti-sociais", mas conseguem “adaptar o espectáculo às diferentes variedades de personalidades e animais”.

Os dois artistas contemporâneos, ela da Estónia e ele do Reino Unido, começaram a actuar para animais em 2014 e já passaram um pouco por toda a Europa. Antes de cada actuação conhecem o público (já dançaram para dois porcos) e o espaço, que tanto pode ser uma casa como uma galeria de arte, por exemplo. No início, tiveram a ajuda de terapeutas de animais de companhia, em Viena. O objectivo era alegrar a “rotina monótona” dos animais, “concedendo-lhes mais do que as necessidades básicas”. Para os tutores, que podem ou não estar presente, “é uma experiência diferente assistirem a um espectáculo que não foi pensado para eles”.

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Wynrich Zlomke?

Mais recentemente, o duo começou a organizar workshops destinados a pessoas. O objectivo é explorar “as semelhanças e diferenças que existem entre audiências humanas e não humanas” e pensar no papel dos animais de companhia enquanto performers e audiências emergentes. A “aula” é aberta a toda a gente interessada em arte para animais — e que não seja alérgica a cães (parte do workshop é leccionado por um).

Os próximos espéctaculos abertos ao público — e gratuitos, mediante inscrição — estão agendados entre os dias 6 a 9 de Setembro, em Estocolmo, na Suécia. Os tutores podem estar presentes e são aceites mais do que um cão ao mesmo tempo, “desde que se conheçam previamente”.  Aquando da inscrição, deve ser mencionada a idade, gostos e raça do animal. Estas datas das Performances for Pets estão enquadradas no My Wild Flag, um festival internacional de artes performativas.

 

A 8 de Setembro, já em Lisboa, vai haver um concerto de reggae destinado aos ouvidos de cães. O Hospital Veterinário de São Bento está a organizar um concerto de Freddy Locks, que, no próximo mês, vai lançar um novo álbum. O espectáculo será nos jardins do hospital, pelas 17h. O objectivo é perceber se gostam deste estilo musical, “uma vez que também são seres sensíveis à música, tal como os humanos”, disse ao PÚBLICO a organização do concerto. Será que os cães preferem reggae a arte contemporânea?

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