As espias acidentais

Uma tentativa de comédia de espionagem singularmente desengraçada.

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A história do espião – ou da espia  – acidental é uma narrativa clássica da comédia americana, sobretudo quando cruzada com a ideia de um romance cosmopolita – O Espião que Me Tramou inscreve-se nessa linhagem ao colocar Mila Kunis, pacata caixa de mercearia de Los Angeles, num imbróglio internacional à conta do namorado que entretanto lhe deu tampa e afinal era da CIA.

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A história do espião – ou da espia  – acidental é uma narrativa clássica da comédia americana, sobretudo quando cruzada com a ideia de um romance cosmopolita – O Espião que Me Tramou inscreve-se nessa linhagem ao colocar Mila Kunis, pacata caixa de mercearia de Los Angeles, num imbróglio internacional à conta do namorado que entretanto lhe deu tampa e afinal era da CIA.

Como estamos no século XXI e o filme é co-escrito e realizado por uma mulher, Susanna Fogel, a coisa assume uma dimensão girl-power, com Kunis e a sua melhor amiga, Kate McKinnon, a decidirem provar que não senhora, não são nenhumas patós de Los Angeles e conseguem aguentar-se à bronca com operacionais de Paris, Praga, Berlim e Viena. Isto para já não falar da grande vilã do filme (uma Nadia Comaneci psicótica que os maus da fita soltam atrás delas) e de uma irreconhecível Gillian Anderson, a Scully dos Ficheiros Secretos, no papel da chefa do MI6, que uma das moçoilas define como “Judi Dench da vida real”.

Portanto, O Espião que Me Tramou tem a cabeça no sítio certo – mas é só. O segredo de uma boa comédia, sabemo-lo todos, é o timing, o ritmo, a leveza e a naturalidade com que tudo é articulado, mas a estética da “comédia do desconforto” que se tornou na definição de origem de muita da produção americana actual aposta em esticar os gagues até à fronteira da desintegração. Quando resulta, é bom, mas aqui não resulta: Fogel tem mais sentido de ritmo para as cenas de acção do que para a comédia, não é capaz de pôr rédeas a uma McKinnon em roda livre nem de marcar a diferença numa fórmula que já está por demais gasta. Para um filme que até não tem uma má premissa, O Espião que Me Tramou é singularmente desengraçado e, crime supremo no que é suposto ser uma comédia, chato até à quinta casa.

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