E de novo… o videoárbitro

E não é que o videoárbitro (VAR) faz falta, é útil, é preciso, e quando não existe ou falha as pessoas já reclamam, já dão pela sua ausência. Bom sinal. Afinal, a federação, quando assumiu precocemente o uso desta tecnologia, estava carregada de razão, e o que para uns foi uma precipitação, na realidade, foi uma das mais importantes e relevantes decisões, ao nível do futebol em geral e da arbitragem em particular, que nos últimos tempos foi tomada.

Vamos por partes. Em primeiro lugar, é preciso reforçar aquilo que já tive oportunidade de dizer anteriormente: o jogo, desde que tenha jogadores e árbitro, realiza-se sempre. Se, por acaso, não houver videoárbitro ou a meio do jogo faltarem as comunicações, o jogo prossegue na mesma. Isto está regulamentado e escrito e foi aprovado por todos, clubes inclusive.

Como tal, a situação ocorrida no FC Porto-V. Guimarães, no qual durante grande parte do primeiro tempo não houve comunicações, ou o que aconteceu no jogo Marítimo-Santa Clara, por outros motivos (nem sequer houve videoárbitro), não invalida a realização do jogo e a homologação do resultado. Independentemente dos erros que entretanto possam ocorrer por parte da equipa de arbitragem e que não possam ser corrigidos por parte do VAR, como foi o caso do penálti cometido por Otávio sobre João Teixeira aos 39' e do segundo golo do FC Porto, aos 42', obtido por André Pereira em fora-de-jogo.

A minha única dúvida em relação a esta ocorrência é se a equipa de arbitragem durante o jogo já se tinha apercebido desta falha, ou se o delegado da Liga presente no jogo tinha sido informado, ou se o próprio Conselho de Arbitragem já estava a par do ocorrido. É que se, por acaso, alguma destas entidades sabia o que estava a acontecer, deveria, assim que a bola não estivesse em jogo, avisar os delegados de ambas as equipas do que se estava a passar.

Ao serem proactivos, teriam evitado o que aconteceu ao intervalo, que foi os dirigentes do Vitória a dirigirem-se à equipa de arbitragem da forma como o fizeram. É lógico que, por muita razão que lhes assistisse, não o poderiam ter feito, o que lhes retira obviamente toda a legitimidade.

De resto, este fim-de-semana foi pródigo em situações em que jogadores, treinadores e dirigentes passaram uma imagem negativa através da televisão, com protestos e palavras em demasia, antidesportivas e injuriosas, que valeram alguns cartões e expulsões. Talvez seja um sinal dos tempos, de uma classe de arbitragem com poucos nomes sonantes, sem grandes referências e, como tal, menos respeitada e aceite por parte dos intervenientes, com lideranças que privilegiam o silêncio, em vez de terem uma estratégia de comunicação provocativa e periódica.

No derby lisboeta entre Benfica e Sporting não houve grandes casos, o penálti a favor do Sporting, cometido por Rúben Dias aos 61', foi claro e evidente e Luís Godinho assinalou de imediato, tendo obviamente o VAR, de acordo com o protocolo, verificado o lance e concordado. Para o primeiro grande jogo da carreira, saiu com nota positiva, embora no plano disciplinar não tenha sido tão uniforme, e por ainda não ser um árbitro com nome firmado, foi por diversas vezes muito contestado por jogadores, tendo de socorrer-se do cartão amarelo.

A nomeação de um árbitro internacional para um jogo desta natureza está sempre legitimada, mesmo quando se trata de um árbitro sem grande experiência a este nível, deixando mais para a frente os nomes mais sonantes, que não são muitos, como o de Artur Soares Dias ou de Jorge Sousa para jogos em que as decisões e a qualidade da arbitragem tenham ou possam ter um peso maior e mais decisivo.

Aqui, mais uma dúvida me ocorre e que gostava de ver esclarecida: em que lugar da classificação ficou no ano passado Luís Godinho? Ele e todos os outros, até porque saber isso pode ainda melhor reforçar o entendimento de certas nomeações, pois num sector que vive da velha máxima em termos de seriedade (não basta ser, é preciso também parecer), tudo o que não seja transparente, conhecido, divulgado e do domínio público, deixa sempre o sector desprotegido e sob a nuvem negra da crítica e da desconfiança.

Para a semana há mais, e esperemos que com esta ferramenta tão útil, importante e inovadora a funcionar em pleno. Não há dúvidas nenhumas de que o videoárbitro veio para ficar, pelo menos em Portugal e enquanto a federação for assegurando as suas despesas, pois um milhão de euros por época é um valor considerável.

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