Direita em mudanças. Os cinco novos partidos que podem concorrer às europeias de 2019

Os novos partidos estão ainda em formação, à excepção do Iniciativa Liberal que já existe.

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Pedro Santana Lopes, da Aliança Nuno Ferreira Santos

A data das próximas eleições europeias está decidida: em Portugal, os eleitores vão a votos no dia 26 de Maio de 2019. E há cinco novos partidos que querem constar do boletim: Aliança, Democracia 21, Volt, Iniciativa Liberal e Partido Libertário. A tarefa não é fácil, mas de todos só o último assume que pode precisar de um pouco mais de tempo para ir a eleições.

Aliança

Santana Lopes esperou e jogou a carta no momento certo. A menos de um ano das europeias e a pouco mais das legislativas, perante um PSD dividido e sem ambição, avança para a criação de um novo partido, liberal, conservador e personalista. Algo à semelhança do PPS/PSD de Sá Carneiro, mas com a marca de Santana. Para o bem e para o mal. Em política, o timing é quase tudo e esta Aliança começa já por secar a área liberal em que vários movimentos se queriam impor. Não terá dificuldade em reunir as 7500 assinaturas para se formalizar nem apoios financeiros para fazer as campanhas. Vai dividir a direita tradicional, à espera de poder vir a reinar em alguma coligação futura. Mas a pedrada no charco pode servir mais para espicaçar do que para reconfigurar a direita.

Democracia 21

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Sofia Afonso Ferreira, do Democracia 21 Miguel Manso

A ideia de criar este partido de direita, liberal na economia e nos costumes, surgiu com a demissão de Pedro Passos Coelho por causa dos resultados das autárquicas e avançou quando o PSD escolhia Rui Rio para líder. Sofia Afonso Ferreira, 41 anos, ex-militante do PSD e membro individual do ALDE (Aliança dos Liberais e Democratas Europeus), é o rosto deste movimento cívico que ainda sonhou juntar-se à Aliança de Santana, mas agora avança sozinho com a recolha de assinaturas. Agitando as bandeiras do emagrecimento do Estado e da descida da carga fiscal, a D21 assume a defesa de uma Europa a duas velocidades, para acautelar os países mais frágeis, de forma a evitar a saída do euro. Querem candidatar-se às europeias e às legislativas.

Volt

É o primeiro partido originalmente pan-europeu, está já constituído em oito países e em formação em muitos outros, Portugal incluído. Nasceu na noite do referendo do Brexit, na cabeça de jovens da geração Erasmus, que viaja pela Europa e se sentem cidadãos europeus. Tiago Guilherme, 43 anos, um dos fundadores do Volt Portugal e seu presidente, apresenta-o: “Nascemos contra o populismo, queremos caras novas, ideias novas, horizontes novos, uma nova forma de fazer política. Queremos falar da Europa”. Usam as redes sociais, o Whatsapp e a vídeo-chamada para estarem em permanente contacto uns com os outros em todos os países, trocam informações e ideias em tempo real. Assumem-se como um partido de causa e dos bons exemplos. “Portugal destaca-se como bom exemplo na Europa pela política [de descriminalização do consumo] de drogas, e portanto é esse modelo que queremos propor à Europa. O modelo de educação da Finlândia é uma referência mundial, devia ser seguido pelos países europeus”.

Iniciativa Liberal

Começaram a organizar-se após as legislativas de 2015 para tentar ocupar o espaço vazio pela ausência de um partido liberal, fizeram a convenção fundadora em Novembro passado e foram aceites pelo Tribunal Constitucional em Dezembro, integram o ALDE como membro de pleno direito. Defendem a reforma do sistema político, com a criação de círculos uninominais e um círculo nacional de compensação, e querem participar na renovação do sistema político-partidário português, por isso não abdicam de participar nos três actos eleitorais de 2019, como diz o seu secretário-geral, Rodrigo Saraiva. Acusaram a Aliança de copiar as suas ideias e o seu programa, mas na semana passada o seu presidente demitiu-se por causa da origem da página no Facebook e agora terá uma convenção em Setembro para recompor os órgãos dirigentes.

Partido Libertário 

Nasceu como associação cívica há seis anos com o objectivo de constituir um partido, mas esse objectivo está ainda muito longe. O seu presidente, Fernando Sobrinho, foi eleito há dois anos com o objectivo de obter 150 filiados na associação, com quotas pagas, e demitiu-se no início de Julho por não o ter conseguido. Mas não só: “Não tenho as características mediáticas necessárias para desempenhar este papel”, diz ao PÚBLICO. Em termos ideológicos, Sobrinho identifica-o como um partido que defende o liberalismo económico e a liberdade individual. “O objectivo do Partido Libertário é a liberdade em si mesma, o que ambicionamos é que o Estado deixe as pessoas em paz e permita que cada um realize a sua felicidade como lhe der na real gana”. Um partido anarquista, portanto? “O anarcocapitalismo é a parte utópica do movimento libertário. Defendemos um Estado mínimo e quase inexistente, que deixe que o mercado funcione pela mão invisível [de Adam Smith]”.

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