Navio de contentores testa rota do Árctico

Embarcação do grupo Maersk é a primeira do género a fazer um percurso alternativo ao Canal do Suez na ligação da Ásia à Europa.

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Porta-contentores da Maersk saiu de Vladivostok na quinta-feira Reuters/Yuri Maltsev
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Alterações climáticas têm feito diminuir o gelo no Árctico Reuters/Nick Cobbing

Vladivostok, perto da China e da Coreia do Norte, tem uma ligação ferroviária com Moscovo – o Transiberiano – e está a caminho de ter também um novo tipo de ligação marítima comercial com São Petersburgo.

Na quinta-feira, saiu deste porto russo no Pacífico um porta-contentores da maior empresa do mundo de transporte marítimo, a Maersk.

O destino do Venta, com capacidade para 3600 contentores, é a antiga capital do império russo, mas antes disso, de acordo com a Reuters, ainda vai a Busan, Coreia do Sul, para carregar produtos electrónicos (além do peixe russo que já leva consigo).

Cumprindo o calendário, deve passar pelo Estreito de Bering por volta do dia 1 de Setembro, e chegar a São Petersburgo no final desse mês. Numa era de comunicações rápidas, este percurso pelo Árctico da rota do Mar do Norte até pode parecer muito tempo, mas se fosse pelo caminho normal, o Canal do Suez, demoraria ainda mais.

Com o impacto das alterações climáticas, e a diminuição do gelo no Árctico, hoje é possível um tipo de navegação nesta zona que era impensável há décadas (em Março, a NASA deu conta de que a extensão de gelo na zona, durante este Inverno, foi a mais baixa de que há registo). E, para a Maersk, há todo um potencial que vale a pena começar a explorar desde já – o Venta vai com equipamentos que permitem a recolha de informação científica para ajudar a decisões futuras –, com uma aproximação dos mercados asiáticos à Europa por via de portos como o de Roterdão.

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Para já, a Maersk adiantou à agência Reuters que esta rota ainda não é vista como uma alternativa aos caminhos convencionais, nomeadamente porque apenas permite a passagem durante cerca de três meses por ano.

Autoridades russas, também citadas pela Reuters, consideram que na próxima década será possível navegar ao longo de todo o ano com a ajuda de navios quebra-gelo – embora nada seja dito sobre a dimensão dos navios que poderiam circular durante os doze meses.

Moscovo tem dado uma atenção especial a esta questão, em termos geo-estratégicos, uma vez que é à Rússia que cabe o controlo da rota.

Há já alguns anos que este caminho marítimo é percorrido por navios de tipologias distintas das do Venta e de dimensões inferiores. A chinesa COSCO, rival da Maersk, já transportou por ali vários produtos. Em Julho, segundo o Financial Times, a maior empresa privada de gás da Rússia, a Novatek, enviou um navio-tanque para a China por esta via. O dono da Novatek, Leonid Mikhelson, afirmou àquele jornal que era o início de “uma nova era” nas rotas marítimas.

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