Olhar para o boneco em Castelo Branco

As 150 ilustrações seleccionadas entre os trabalhos de 3 mil artistas de 105 países vão continuar expostas no Centro de Cultura Contemporânea. Até dia 7 de Outubro, é tempo de olhar para o boneco. E fruir.

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Pássaros Provocadores à Solta na Varanda Joana Rosa Bragança

Logo à entrada da exposição, os trabalhos de Yuxing Li, a vencedora da Bienal Internacional de Ilustração para a Infância 2018, convidam à preguiça. As imagens ilustram o livro Hoje Estou Livre. Um elogio ao nada fazer e à importância do tempo livre, como explica a ilustradora sino-alemã: “Quis coleccionar momentos confortáveis e de repouso, para criar sentimentos de calma e relaxamento.” Conseguiu.

Seguem-se as ilustrações distinguidas com menções especiais. Os desenhos a grafite do mexicano David Álvarez transmitem emoções completamente diferentes, inquietantes até, em A História Que nos Contaram. A espanhola Cinta Arribas, com colagens de papéis coloridos, traz algum humor ao explorar o tema A Mudança. Por último, a menção especial da portuguesa Carolina Celas remete-nos para a passagem do tempo, criando uma sucessão de imagens (em lápis de cor, de cera e marcador) a que chamou Instante.

Nas salas seguintes do Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco pode continuar a ver-se o que de melhor se faz em ilustração pelo mundo. Do México ao Japão, dos EUA à Austrália, da China ao Irão, “a selecção oferece uma vez mais um magnífico panorama da ilustração contemporânea internacional. Uma variada mistura de estilos, técnicas e temas, de ilustradores e debutantes, oriundos dos quatro cantos do mundo”, nas palavras dos comissários Ju Godinho e Eduardo Filipe.

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Não Fazer Nada Yuxing Li (vencedora)

Itália foi o país com mais participantes, seguindo-se França e Espanha. Neste ano, vieram muitos trabalhos do Irão e da Síria. Entre a participação portuguesa, figuram na mostra as ilustrações de Fátima Afonso, Inês Machado, Joana Rosa Bragança, Jaime Ferraz e Mantraste. Também o canadiano Pierre Pratt, que escolheu viver em Portugal, foi seleccionado.

O projecto expositivo, assinado pelos arquitectos Pedro Cabrito e Isabel Dinis, inspirou-se nas palavras do escultor Alberto Carneiro “o desenho é uma escrita do corpo”. Assim, criaram “uma linha de histórias”, materializada em tubos coloridos que unem as várias ilustrações e passam de umas salas para as outras.

Esta linha, descrevem no catálogo, “não se esclarece de onde vem nem para onde vai, sabe-se apenas que atravessa paredes e muda de cor, preenchendo as salas brancas do museu com os seus novelos cheios de vida, histórias preciosas sem princípio nem fim”.

Tendo como ponto de partida a Ilustrarte, a Câmara de Castelo Branco e a Rede de Bibliotecas Escolares promovem o concurso ibérico Três Imagens... Quantas Emoções?, convidando alunos, portugueses e espanhóis (do 1.º ciclo ao ensino superior), a visitarem a exposição e a criarem, até 17 de Setembro, trabalhos escritos ou multimédia sobre o que viram. Boa ideia.

Nós David Álvarez (menção especial)
Mudança 3 Cinta Arribas (menção especial)
Um Segundo Carolina Celas (menção especial)
Sonhos com Asas Fátima Afonso
Todas as Andorinhas São Turistas Mantraste
Fundo do Mar Jaime Ferraz
Soldados Inês Machado
Fotogaleria
Nós David Álvarez (menção especial)
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