Neto de Franco diz que família vai encarregar-se do corpo após exumação

Governo dera 15 dias aos Franco para dizerem se o fariam. Francis Franco não disse ainda para onde irá o corpo, apenas que tem que ser um lugar seguro.

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O túmulo do ditador Francisco Franco tem sempre flores JUAN MEDINA/Reuters

A família do ditador espanhol Francisco Franco vai encarregar-se dos seus restos mortais, caso estes sejam exumados do Vale dos Caídos, afirmou um dos netos, Francis Franco.

Numa entrevista publicada hoje no jornal La Razón, e citada pela agência EFE, Francis Franco voltou a sublinhar que a família é contra a exumação mas disse acreditar que o Governo espanhol vai fazê-la “a mal". O que, considerou, será à margem da "legalidade".

O Governo espanhol iniciou na sexta-feira o processo para exumar Franco do mausoléu no Vale dos Caídos ao aprovar um decreto-lei em Conselho de Ministros. O decreto tem que ser votado no Congresso, onde os socialistas estão em minoria, mas contam com o apoio do Podemos, dos separatistas catalães e nacionalistas bascos para obter a maioria simples necessária.

O Partido Popular e o Cidadãos (ambos de direita) deram indicações de que deverão abster-se.

Questionado sobre se a família irá recorrer do processo administrativo para proceder à remoção dos restos mortais, contemplado no decreto que permitirá exumar o cadáver do ditador, Francis Franco respondeu que “gastar dinheiro contra um Governo é perder tempo”.

A família, acrescentou, dará uma resposta “em conjunto”, assim que o organismo instrutor do processo abra o prazo de 15 dias para que os interessados possam apresentar alegações, e comunicará o destino que deseja para os restos mortais de Franco.

A esse respeito, Francis Franco descartou a hipótese de os restos mortais do avô poderem ser enterrados com os da mulher, Carmen Polo, no Pardo: “Onde ela está enterrada não há segurança, o meu avô não pode estar ali enterrado. Hoje essa hipótese não se coloca”.

Francis Franco acredita que “nem o Governo nem 90% dos espanhóis vêem urgência” na exumação e pede ao Executivo que realize a operação às claras. 

O neto de Franco disse ainda que a família enviou uma carta à comunidade religiosa que gere a basílica de Vale dos Caídos para comunicar que não autoriza a exumação.

O Vale dos Caídos, a 40 quilómetros da capital, é um complexo de edifícios de grande dimensão idealizado e erigido por Francisco Franco para homenagear os mortos nacionalistas da Guerra Civil espanhola.

Em nome de uma suposta "reconciliação" nacional, Franco transferiu os restos mortais de 37 mil vítimas - nacionalistas e republicanos - da Guerra Civil para o local que foi inaugurado em 1959 e que é visto como um monumento à ditadura franquista.

Francisco Franco foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que em 1936 marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado até à sua morte, 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático e foi reinstaurada a monarquia.

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